segunda-feira, fevereiro 07, 2022

Novos passos nos mesmos caminhos. O destino esteve sempre lá...


Anos depois revejo palavras antigas, sentimentos de outros tempos, medos e angústias que não quero mais sentir. 

Custou muito crescer ao ponto de sentir que há lugares que não serão nossos. Mas ao mesmo tempo há lugares que ganham nova história, novo sentido, novo sentimento.

Há caminhos que se fazem vezes sem conta até encontrarmos um novo destino. Há caminhos que nos encontram e nos fazem nascer de novo.

Depois de sentirmos que renascemos, a vida nasce connosco e aporta algo que não esperávamos mais. Mas aos poucos tudo parece encaixar. Tudo parece ser aquilo que sempre deveria ter sido. Houve muitas montanhas a escalar, muitos rios a atravessar, muita calçada a calcorrear. Mas por vezes é preciso muito caminhar para, apenas, chegar.

segunda-feira, julho 15, 2019

Era este um passo que pensei darmos juntos. Apenas não sabia que o daríamos para horizontes distantes... Talvez te encontre do outro lado do mundo, se me quiseres. Esperei não mais voltar a escrever, esperei não mais voltar a derramar o sal de mim. Esperei não mais sentir e, contudo, eis que entraste na minha vida... Sorri, por fim, voltando a acreditar que isso iria ser possível de novo. Chorei, de novo, acreditando que mais não estou destinado senão a ter que deixar de acreditar.
Quero ser feliz. Tenho medo de o ser a teu lado por poder deixar de sorrir quando acordar do sonho que me fazes sonhar. Acordo todos os dias a pensar que já não estou só. Deito-me à noite sem saber por que me deito sozinho. Espero que me leias um dia sabendo quem sou, não apenas quem tento ser.
Fazes-me falta. Hoje, ontem, e espero que amanhã também. Pediste-me para ser teu. E eu dei-me. Vês em quem me tornei por ti? Talvez não, eu sempre escondi tanto de mim. Mas não a ti. A ti, mostro-me com a mais genuína pureza que tento ter.
Lancei as primeiras letras há metade do nosso tempo. Não sei quanto tempo ainda há. Não sei quanto tempo durará o nosso "momento". Não sei quanto tempo durará o nosso o futuro. Não sei de nós. Mas preciso sonhar, preciso acreditar na ilusão de que não há data, não há limite. Desculpa se não te faço feliz, mas eu tento muito, tento mesmo. Mas quando olho ao espelho, penso se vejo o único que está a tentar. Não acho. Já vimos coisas diferentes onde estava o mesmo. Eu tento ver pelos teus olhos mas talvez não saia dos meus. Achas que sais dos teus?
Se gostava de não ter receios? Gostava. Se a minha história me possibilita essa inconsciência? Não sei. Mas não queria ser indiferente ao nosso estado. Quando deixar de me preocupar connosco, deixo de me dar. E perco-me de nós. O conceito de amor não deveria ter data de validade, não devia viver de "bons comportamentos". A confiança tem que existir nas atitudes mas também nas expectativas.
De que serve amar quando, para nos amarem, nos magoam mais do que a solidão? De que serve querer amar quando, tão prontamente, nos abandonam sem mágoa ou sem remorso, e sem razão? Por que não se ama já como outrora? Por que sofro tão só? Por que acredito ainda?
Quero desistir. De tudo.
E assim fiz. Desisti. Não de tudo, mas de ti!


sexta-feira, junho 17, 2011

Um ano...

Não escrevo mais, desisti de escrever pois já não me cura. Já não me lês. Mas eu vejo-te todos os dias. E sinto a tua falta sempre. Passou um ano, de vazio. Passou um ano mas ficou a certeza de que, passem os que passarem, nada nem ninguém me fará tanta falta como tu. Não escrevo mais, porque me levaste as palavras e contigo deixei ir a minha alma.

Olha por mim... daí!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Perto do fim.

Agoura-se-me a alma, consome-se a paz de espírito sem o advento de uma nova ressurreição. Definho a cada sopro que deixo partir de mim. Sente o corpo a necessidade de um fundo de copo, sente a minha solidão o monopólio da minha sanidade. Releio os escritos doutras Eras e reencontro-me nas mesmas palavras... Resigno-me a uma sina que não se muda, que ousa em manter-se fiel, única em si. Nem da desistência consigo desistir... mais de duas são as décadas de sofrimento consciente quando ainda não vivi tempo suficiente.

segunda-feira, novembro 01, 2010

fading...

Volto a sentir-me perdido em mim... Acordo de um sonho que não é meu, atormentam-me os pesadelos de um futuro que não volta mais...

Adormeço em pé, sentido o vento de uma madrugada que não prova mais o meu sal, sentido a chuva de um fim de tarde que me esqueceu.

Acordo aos poucos, sem coragem nem energia para me perder mais neste horizonte que me rodeia mas que eu não encontro. Acordei antes, mas adormeço depois. Deixo-me cair nas brumas de quem não me sabe, do que eu também já não sei.

Regresso ao ponto, ao tempo, em que deixara de ser eu para me tornar em mim. Deixo-me ir. Sem destino desta vez, sem rumo tampouco. Deixo-me. Vou só, sem o corpo que se arrastou por demasiado tempo nesta existência friável e sem sentido.

Cateterizo-me para me deixar desvanecer lentamente sem que os outros se acordem. Sem que alguém se aperceba que apenas se esqueceu. Sem que vejam que já não me viam... Aos poucos, fui desvanecendo. Hoje, já não me vêem, hoje já não sabem quem deixei de ser... Já não sabem em quem me tornei.

Hoje, deixei de ser o fantasma em que me transformei. Hoje passei a ser uma breve lembrança de uma sombra ténue. Espero apenas que a luz se apague...

Lembras-te de mim? Eu já não...

domingo, outubro 17, 2010

Repeat mode.

É tempo de mudar, é tempo de ser quem nunca fui. É tempo de sobreviver numa outra vida que não a minha. Deparo-me com o dilema da morte em alternativa à existência como algo que não entendo em mim, algo cuja natureza repudio desde que me sinto. Hoje opto por desistir da essência que ainda restava no meu último fôlego.

Desisto. Não sou mais quem um dia fui. E desisto de ser o que sou. Pudera eu derramar as lágrimas, que ninguém irá sentir, sobre a minha própria morte. Só, silenciosa e fúnebre. Digo mais do que adeus...

sexta-feira, agosto 27, 2010

Damaged good...

Indubitável é a minha capacidade de me fazer pertencer. Quando outrora era sempre eu no meio de tantos, hoje não me reconheço no seio de ninguém. Estranho este ar que respiro. Estranho este mundo que vejo. Sei que já foi o meu quando eu era quem era. Mas agora, que já não sou o que sou, já não mais o reconheço. Não só: já não mais me sinto confortável nele. Estereótipos há. E de entre todos eles, não me revejo em nenhum. Quando eram outras as histórias, feliz estava eu por não ser alma igual à de ninguém! Hoje, apenas gostaria de não ser sempre o estranho que me encontram. Folgo por me encontrar a respirar, lamento apenas não ser eu.

E olho-me a ter os temores do mundo sob os meus olhos e as tristezas que ninguém afaga sobre os meus ombros a implorarem pelo pouco sal que ainda me resta. Eu sei: já morri! Mas tenho esperança de acreditar que ainda não foi agora... Morro aos poucos, a cada lembrança que me assola o espírito. Daquilo que fui, daquilo que tive, daquilo que houve em mim. Se pudesse decidir, não me haveria. Não seria hoje senão pó, senão tristeza morta sob os pés de quem me pisa. Demasiados são já os mundos onde eu já não tenho vida. Pouco me resta de espaço naquilo que já foi, outrora, um universo de vivências. Não me sabem, não me vêem, não conhecem a dimensão do meu vazio. Por mais próximo que alguém chegue, estará sempre loonge demais. Passa o tempo e eu mais pequeno estou, mais pequeno sou. Passa o tempo, demasiado tempo, que já há muito não quero. Não quero ser mais um sobrevivente. Quero poder desistir. Quero parar agora porque já não tenho mais forças para derramar de mim o mar que há muito secou. Respiro fundo, muitas vezes, esperando ser esse o meu último fôlego. O destino não deixa...


Já não sou o que era, apenas porque ao longo do tempo, a erosão das minhas histórias derramou de mim a solidão em que me abandono...

quinta-feira, julho 01, 2010

Espero...

Passaram já duas semanas. Ou ainda só. E, no entanto, a eternidade parece ser mas curta.
Todos me perguntam como estou, esperando que lhes diga estar bem. Todos esperam que já tenha passado ou que já não me sinta igual. Estranham quando digo que está a ser muito difícil, que não estou a conseguir lidar com isto e que ainda dói... Esperam que não sejas tanto quanto foste. Ou apenas que eu não seja metade do que sou, no que toca a sentir tanto por ti...
Esperam, esperam, esperam tudo menos que voltes, como eu queria. Como eu inutilmente espero. Como dói, saber que não voltarás mais... como dói. Como choro, lenta e silenciosamente. Só. Como me fazes falta, tanta, tanta falta. Como daria tudo, como nunca teria dado por ninguém, para te ter um pouco mais, para me despedir de novo de ti... Como me fazes falta... Parto em breve em busca de abandonar a minha solidão, mas nada mais queria eu senão tu. Espero que o teu espaço seja sempre teu.
Pudera alguém saber quem eras para não me olhar nos olhos esperando ver algo mais que não o vazio desta saudade que me consome. Vejo-te todos os dias tentando não me lembrar que já não estás. Vejo-te todos os dias, na minha breve insanidade, como se voltasses em breve...
Não espero que o vazio desapareça; espero apenas que ninguém deixe de o encontrar...

sexta-feira, junho 18, 2010

E depois do adeus...

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por nós
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz.

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

(...)

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi

(...)

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

Ainda não...

O tempo passa lentamente... fico parado à espera de poder voltar atrás e tê-la mais um pouco comigo. Não sei viver sem que ela esteja ao meu lado. Foi o meu apoio nos momentos mais difíceis e foi quem quem partilhei as minhas felicidades. Era cúmplice e sabia sempre como eu me sentia. Sabia o olhar a ter e, mesmo sem dizer nada, sabia sempre o silêncio certo.

Não estou preparado... não estou! Ainda não!

quinta-feira, junho 17, 2010

O Adeus...


Já não visitava o meu recanto há algum tempo. Acima de tudo, por ter sentido ter encontrado a paz sozinho. Mas não estava sozinho, estava com aquela que sempre foi a minha luz desde que na minha vida entrou.
Mas a luz apagou-se, o meu único amor incondicional partiu e deixou de poder ser feliz!
Custa demais porque fazia parte de mim desde o primeiro momento, e a cada olhar que era meu, fazia de mim mais seu também.
Na vida, tudo de mim acaba por desaparecer. Mas não esperava que o destino fosse tão cruel e me tirasse a minha única razão de não querer desistir.
Amo-te Mafalda, aí, aqui, onde estás... Amo-te e sinto muito a tua falta. Já não vieste hoje ter comigo... e já hoje senti a tua falta...

terça-feira, dezembro 01, 2009

Para já...

Cada vez percebo melhor os universos que não são meus, que não fazem parte de mim, que nunca serão aquilo que pretendo ser. Vivo a cada dia um pouco mais longe de onde estou, sinto-me em cada instante menos meu para poder sobreviver. Sabe o destino o quanto me custaria a mim, ente vivente, ser eu próprio. Para já, refugio-me na sombra do que fui, na esperança do que posso ser. Para já, sou uma réstia. Para já, nada sou, até um novo dia fazer de mim alguém.

sexta-feira, novembro 13, 2009

Comme me manque l'enfant que j'étais...

Je veux aimer. Je veux être en vie. J'aimerais bien sentir ce aussi vrai. Je voudrais tellement que tout. Je tiens à être honnête de dire cela. Je voudrais avoir la force d'être vrai. Mais je renonce. Je me perds dans l'horizon de mes illusions. Et je tombe, lentement, une fois de plus, encore une fois. Tout simplement pas la dernière fois.

quarta-feira, novembro 11, 2009

Once upon a time...

Once upon a time there was a small boy, a happy boy, a dreamer boy. He lived happily ever after, until he died. Some time ago. Back then, when he met himself and gave up upon his dreams and hopes.

Once upon a time there was a small boy. He is there no more. He died, a little bit every day that went by. He saw himself growing into the monster he feared when he was even smaller... The poor child, affraid of his own ghosts...

Once upon a time there was a small boy, a wonderful boy, that kept smiling everyday, looking for some happiness somewhere. A happiness that he found not. And he felt himself letting go...

Once upon a time, a small boy died... by the sadness of being who he was!

I was that boy... once upon a time.

terça-feira, novembro 10, 2009

Empty...

No sorriso de um beijo compreendi a minha tristeza e a minha solidão.

Compreendi que não me faz falta um corpo, mas apenas o toque, que não me fazem falta as carícias mas a intimidade, não me faltam histórias mas fazem falta os momentos. Finalmente entendo que não me fazem falta as pessoas. Falta apenas o tu. O tu que já não sei quem és.

Maior vazio que o de perdermos alguém é, possivelmente, o de não termos quem perder. Assim estou. Agora como nunca. Sem desejar quem partiu, sem saber por quem esperar. Estou vazio. Agora como nunca, reflectindo na felicidade de estranhos a minha incondicional amargura. Não quero o que não é meu. Apenas queria ter algo que pudesse, ao fim do dia, guardar como seguro.

Vejo-me a reviver nada que tive. Vejo-me apenas mais uma vez só rodeado de uma multidão que não me vê nem sabe quem sou. Espero. Porque sempre esperei que tudo fosse como sonho. Mas desta vez não sonho. Já não. Já não resta nada em mim senão este saber que nada será como quis que fosse.

Tristes são as palavras de quem vive a sorrir, de quem não se dá a conhecer. Triste a vida de quem por detrás da máscara encarna a sua verdadeira personagem. Triste este vazio que está para lá do tanto que todos conhecem.

Cinzenta é a cidade que me rodeia, cinzenta é a esperança que deixei de viver... aguardo lentamente por um fim que cada vez mais tarda em chegar... Aguardo pelo mais puro dos vazios.

Aguardo... vazio.

domingo, outubro 25, 2009

No más...

Si tú me olvidas

Quiero que sepas
una cosa.
Tú sabes cómo es esto:
si miro
la luna de cristal, la rama roja
del lento otoño en mi ventana,
si toco
junto al fuego
la impalpable ceniza
o el arrugado cuerpo de la leña,
todo me lleva a ti,
como si todo lo que existe,
aromas, luz, metales,
fueran pequeños barcos que navegan
hacia las islas tuyas que me aguardan.
Ahora bien,
si poco a poco dejas de quererme
dejaré de quererte poco a poco.
Si de pronto
me olvidas
no me busques,
que ya te habré olvidado.
Si consideras largo y loco
el viento de banderas
que pasa por mi vida
y te decides
a dejarme a la orilla
del corazón en que tengo raíces,
piensa
que en ese día,
a esa hora
levantaré los brazos
y saldrán mis raíces
a buscar otra tierra.
Pero
si cada día,
cada hora
sientes que a mí estás destinado
con dulzura implacable.
Si cada día sube
una flor a tus labios a buscarme,
ay amor mío, ay mío,
en mí todo ese fuego se repite,
en mí nada se apaga ni se olvida,
mi amor se nutre de tu amor, amado,
y mientras vivas estará en tus brazos
sin salir de los míos.

Pablo Neruda (adapt.)

Por una ultima vez!

quarta-feira, outubro 21, 2009

De novo, covarde.

Sorrio, mas sem o conseguir fazer, passeando por entre a platéia que me enterra, que me desdenha a cada inspiração que tomo minha. Sigo em frente, sabendo que o trilho não é meu. E é assim que me sinto, antes de ser possuído pela vontade de seccionar uma mera radial, de cateterizar uma qualquer veia complacente. Cada vez mais sei que não deveria cá estar, cada vez mais me sinto perdido no mundo que ousara ser encontrado e ser tomado como meu. Uma vez, uma noite, uma ilusão. Não és tu! É apenas o escroque que resultou naquilo que alguém fez, que alguém deteriorou enquanto outros faziam a condenação. Morte diria eu. Talvez. Morto de um de nós. Eu apenas tenho boas veias para sucumbir...

Chego a casa e choro, todos os dias quando são noite, todas as noites quando amanhece. Ninguém sabe, ninguém ouve, ninguém cheira este sal. Ninguém entende o peso da lâmina, do pó compacto em doces amargos ou das gotas de ilusão em que insisto naufragar. Quisera outrora coragem para fugir das idéias que me assolam a alma desde o acordar ao adormecer. Quisera então coragem para sobreviver a um novo acordar. E covardemente acordo. E covardemente me deixo sobreviver.

segunda-feira, outubro 05, 2009

. . .

Aos poucos vão passando os dias que me trouxeram memórias de outros tempos. Parto em viagem com a vontade e a sensação das despedidas. Digo adeus a este presente que constantemente (re)vive o/do/no passado. Tenho que saber ser capaz de evoluir em frente, de seguir de novo um caminho. Estou cansado da segurança que representam para mim os fracassos de então. Não devo desistir de tentar acreditar de novo. Não devo cruzar os braços e receber os insucessos como meras constatações na inexistência de uma alternativa.Vou sonhar um pouco desta vez. Mesmo que um dia acorde.

sábado, outubro 03, 2009

Estações

Olho em torno de mim e vejo a felicidade que a Primavera, por ousadia, teima em trazer. Olho ao espelho e vejo aquilo que o Outono deixou, tudo aquilo que o frio do Inverno permitiu preservar.

Gostava que tudo desabrochasse em algo novo mas não houve sementes novas. Apenas restam em mim as pétalas de uma flor que morreu, as folhas de uma memória que continua perene. Não há fruto há demasiado tempo, não há o que colher nem o que esperar nesta estação jovial. Morro aos poucos esperando que o Verão passe para que o Outono venha de novo tentar fazer-me crescer um pouco mais. Já passaram muitas estações desde que tentei deixar de ser feliz. E, a cada uma que passa, esse meu sucesso torna-se cada vez mais evidente. Queria apenas poder deixar de tentar, para perder e voltar a ser feliz. Queria, afinal, ter outro Verão que não aquele Outono.

segunda-feira, junho 29, 2009

Dura pouco um dia...

Um dia dura pouco, quer porque se está feliz, quer porque voltamos à realidade que não nos abandona nunca.
Vivi esse dia. Mas já o esqueci.

Feliz dia

Não pretendo sonhar alto, espero apenas pela nuvem que me apanhou e que me deixou a flutuar na serenidade que do nada surgiu em mim...

Sinto-me a tentar ser feliz uma vez mais, aos poucos, sem nada, com muito, apenas com os sonhos que tento ter. Sinto-me a tentar batalhar de novo por um sorriso, por uma luz que nasça com o erguer do sol e que não desapareça com o espreitar da lua.

Queria poder acreditar que vou continuar a sentir-me leve e em paz, queria poder acreditar que agora será diferente. Hoje posso escolher. Posso escolher acreditar e ser feliz. Ou posso temer o dia em que chorarei de novo e então não saberei sorrir até esse dia chegar.

De pequenos nadas tento construir-me uma vez mais, de forma errada talvez, não em torno de mim mas dependente da felicidade do brilho de um olhar. Não sei ser de outro modo, mas gostava de viver outra forma de estar. Anseio que o destino me sorria, como eu lhe estou a sorrir agora. Gostava apenas que cada dia fosse a continuação do meu sonho.

Já é de manhã. Sorris? Então já é um dia feliz!

Neruda de novo...

Recordo o Neruda que me fez sorrir... sofrer...


"Quero que saibas uma coisa
Sabes como é
Se contemplo a lua de cristal
Ou os ramos rubros do Outono lento da minha janela
Se toco ao pé do lume a impalpável cinza
Ou o corpo enrugado da lenha
Tudo a ti me conduz.
Como se tudo o que existe: aromas, luz, metais...
Fossem pequenos barcos que navegam em direcção
Às tuas ilhas que me esperam
Ora bem,
Se a pouco e pouco deixas de amar-me,
Deixarei de amar-te, a pouco e pouco.
Se de repente me esqueceres, não me procures,
Pois já te terei esquecido.
Se consideras longo e louco o vento das bandeiras
Que percorre a minha vida
E decidires deixar-me
À margem do coração em que tenho raízes,
Pensa que nesse dia, nessa hora,
Levantarei os braços e as minhas raízes irão procurar outras terras.
Mas,
Se em cada dia, e em cada hora,
Sentes que a mim estás destinado com doçura implacável
Se em cada dia, e em cada hora,
Dos teus braços nasce uma flor que me procura,
Ah, meu amor,
Todo esse fogo em mim se renova
Em mim nada se apaga nem se esquece,
O meu amor do teu vive e, enquanto viveres, continuará nos teus sem abandonar os meus..."

Voltei a deparar-me contigo, a ler-te e a chorar-te. Senti as saudades que ainda não consigo abandonar. Mas já não me prendi. Já te deixei. Já voltei ao que era meu. Ao que tento voltar a ser. Agora quero ser feliz, deixa-me. Agora vou sorrir de novo e acreditar que ainda sei sorrir!

quinta-feira, junho 25, 2009

Partidas...

O destino prega-me sempre partidas, tira-me o tapete sob os meus pés, cobre-me o horizonte de ouro quando não o vejo pelo azul do sal. Sempre foi assim e sempre será. Quando desisto, dá-me um alento. Quando me encho de coragem, pesa-me nos ombros o peso hercúleo do fracasso.

Hoje fez-me sorrir. Como ontem. Espero que como amanhã. E sei que irei voltar a cair. Mas agora, não vou deixar de escorregar. Agora já sei que é apenas mais uma partida. Mas vou tentar sorrir... até cair.

Resta saber quanto tempo poderei flutuar, a tentar, a viver sem ser como sempre, a estar como nunca consigo aprender a estar. Quanto tempo me deixas viver aí? Nesse azul diferente do que vejo todos os dias? Quando deixarás de me fazer sorrir?

segunda-feira, junho 22, 2009

Remember me...

Vens-me sempre à mente, sempre que não quero ou sempre que fujo de ti.
Todos me dizem que não voltará. Também já mo disseste. Mas não quero a alternativa. Ou não quero apenas pensar mais nisso. Poderei estar bem assim? Serei eu capaz de me encontrar só e ver-me um dia feliz?
"Remember me, special needs..." apenas me faz lembrar de ti... Por mais que queira, por mais que tente, não consigo e não me deixo poder esquecer tudo. Não sei voltar atrás e não sei seguir em frente. Saio de mim, saio daqui, percorro o mundo em busca de alguém que me faça seguir em frente, que me faça não mais pensar em ti. Anos passaram, anos passarão, e apenas contigo continuo a sonhar estar. Se o assumo todos os dias é meramente para ter a consciência de que tenho que parar de o fazer...
Espero um dia poder esquecer-te. Mas ainda não foi hoje...

quinta-feira, maio 28, 2009

Desespero: em forma de verbo.

Sinto-me a desesperar, cansado de mim e de tudo. Sinto-me a perder a sanidade e a enlouquecer tal é o meu desenquadramento. Ouço sons antigos e recordo como fui afinal feliz outrora, quando não sabia. Ou quando apenas ansiava por mais. Soubera eu na altura o quão desapontante seriam as minhas expectativas e teria pedido muito menos. Talvez assim fosse agora feliz, talvez assim eu então me contentasse com tudo aquilo que não tenho.

Ouço canções antigas, músicas que me fizeram chorar, sorrir, viver. Ouço e, mais que nunca, quero tudo de volta, quero voltar atrás e parar no tempo. Não quero seguir em frente, não quero estar como estarei. Como poderei eu voltar a sorrir? Como voltar a não saber o que sei. Como é possível ansiar por nada e sorrir ainda assim?

Mais do mesmo, menos de pouco, tudo de volta à raíz daquilo que não me permite ser feliz, tudo em torno de mim me constringe, me sufoca. Não há alma gémea, não há afectividade, não há quem me saiba ler no silêncio das palavras. Quero retornar década e meia e parar quando ouvia o barulho das ruas e encontrava a paz ao virar da esquina. Quero dizer-me para ser feliz sempre, sem pensar que não serei feliz nunca...

Mas a vida é feita disto,ou melhor, a minha vida é feita destes meus desencontros comigo. Da minha incapacidade de respirar fundo e deixar-me estar, da minha profunda ineptitute social de viver comigo ao lado. Não me sei aceitar neste contexto em que tenho que estar constantemente. Gostava de me ver como muitos outros, gostava de conseguir voltar ao meu pequeno cantinho do mundo feliz, que entretanto deixei fugir...

Apenas quero poder fechar os olhos, esquecer-me de mim e... e sorrir.

sábado, abril 04, 2009

B'sheret...

Tenho muitas palavras guardadas na gaveta, tenho alguns textos à espera de serem lidos de novo. Mas agora apenas me deixo fluir um pouco na tentativa de aliviar todo o peso que sinto abater-se em mim.

Já não consigo voar, como fazia de antes, já não consigo sorrir levemente como sorria há muito pouco tempo atrás. Nada mudou, tudo está na mesma. Talvez seja isso, talvez esteja condenado a uma estagnação sem limites, a um marasmo que não me deixa evoluir.

Queria dizer que já não sinto saudades. Queria muito não sentir saudades. Queria muito tanta coisa. Mas, afinal, tanto tempo passou e estou assim, a sentir muitas saudades e a querer que tudo fosse como dantes.

B'sheret significa, para os judeus, a alma gémea, aquela que nos está destinada. Existe uma para cada um de nós, acreditam, embora possa passar uma vida inteira sem que se encontrem. Eu encontrei a minha, e vivi o suficiente para a deixar partir, sem que tenha voltado. Daí deixar-me ir, sem piso onde me assentar, para onde o destino ainda me reservar o caminho.

Tenho saudades de quem foi... não, para ser correcto devo dizer: tenho saudades de quem é b'sheret para mim... Apenas isso, tenho saudades.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Depois dos duzentos...

Passaram mais de duzentos textos, passaram mais de duzentas vontades. Passou tanto desde que comecei aqui, mas muito mais desde que comecei onde me perdi. Aqui escrevo porque não consigo falar, porque não sei dizer a quem me ouve, porque quem ouve não escuta. Aqui estou eu, muitas vezes sem barreiras para lá de quem me vê. Muitas vezes apenas a traduzi-las para que alguém me veja do lado de cá.

Tenho vindo cá meramente pela saudade. Pela saudade de escrever, porque gosto de o fazer. Gosto de dar liberdade aos dedos sobre o teclado e deixá-los fluir. Não tenho muito para dizer nos tempos que correm, não tenho tido muito para sentir. Estou feliz por opção e quando estou feliz não me amarguro e não me deixo sentir aquilo que me move as mãos para aqui. Mas ouço músicas que me recordam os tempos em que aqui me escondia e então sorrio, ou choro, ou apenas sinto a pele toda a arrepiar-se por me lembrar do que foi aqui estar, do que aqui me trouxe. Penso muitas vezes que não estou arrependido de tudo o que me deixei sentir apenas pelo facto de me ter permitido ser genuíno. Mas também deixou cicatrizes que não hão-de passar nunca. Ficaram marcas que definiram muito daquilo que sou hoje e daquilo que hoje me permito ser. Mas a vida é assim, feita do que é.

Hoje, procuro escolher o que a vida me pode oferecer e procuro a felicidade. E sou feliz porque sorrio à manhã quando chega e à noite quando me deito, porque desta vez já não convido a solidão a entrar. Estou sozinho mas sem ela. Reconheço aquilo que ainda gostaria de ter no meu dia-a-dia mas não vivo a pensar que podia estar completo de outro modo porque não podia. Estou completo em mim e comigo. Tenho agora a vida que escolhi. Vivo agora com sensibilidade e bom senso. Vivo bem, vivo-me a mim!
Depois dos duzentos ainda cá venho, talvez para uns outros duzentos noutro prato da balança...

quinta-feira, novembro 13, 2008

Afinal, hoje, hoje estou feliz!


Já não escrevo aqui há demasiado tempo...

Estou feliz. Tenho-o estado muito nos últimos tempos. Encontrei uma paz que não me lembrava ser possível. Não vivia assim há quase duas décadas. Nem antes disso vivi como vivo agora. Estou independente em mim, de mim. Não tenho ninguém e estou completo. Sinto-me bem com quem está na minha vida hoje.

Mudei muito, não porque assim o quis fazer mas porque a vida assim o proporcionou. Tenho hoje uma segunda hipótese de refazer a vida que perdi há anos...

Ainda choro: não muito, mas sempre sozinho. Mas hoje sorrio. Sorrio como não sorria há demasiado tempo. Sorrio pelo que tenho. Deixei de chorar pelo que perdi. Não perco tempo a pensar no passado. Não penso nisso. De todo.

Escrevo hoje apenas porque tinha saudades de chorar. Deixei de o fazer como outrora e deixei de o precisar.

Só espero que outros mundos sejam hoje outros também e que haja outros caminhos a serem encontrados e mais felicidade seja vivida. Só espero continuar feliz também. Mas afinal, por que não o continuaria? Hoje, hoje não me falta mais nada!...

Afinal, hoje, hoje estou feliz!

terça-feira, agosto 12, 2008

Andanças

Estou a tentar ser diferente. Este ano, nas minhas Andanças, contactei com alguém muito especial, "One of those people that you don't met twice in your lifetime!" E ao longo de toda uma e outra conversa, sobre a vida e a forma de nela se estar, senti aquela lágrima no canto do olho a querer sair por felicidade. Senti que tinham outra sensibilidade, que viam a vida de outra forma que não a minha, uma forma mais pura e mais serena, talvez mais honesta com eles próprios e disseram-me coisas que me fizeram sorrir, que me fizeram sentir feliz. Senti que viviam a vida como eu gostaria de poder viver, em harmonia, em silêncio com todas as guerras que o nosso mundo tenta travar connosco.


E então percebi o segredo dessa paz...


Por vezes a pausa desta vida rotineira traz-nos à mais cruel talvez das realidades, à inexistência de muitas coisas que são consideradas por nós como vitais e essenciais e sem as quais muitos vivem. Para mim, esta pausa trouxe-me alguma riqueza interior. Foram estranhos aqueles que, sem nunca me terem visto,me compreenderam e me sentiram a sorrir a dançar, foram eles que me fizeram ver onde e quando eu sou feliz.




Queria poder ser assim: feliz a dançar. Deixar para trás todo o peso que carrego nos ombros de uma tristeza que já não quero ter. Queria apenas deixar-me voar, sentir o chão nos pés e as mãos a flutuarem ao som do som. Quero deixar-me ir, a dançar e a ser feliz...

domingo, julho 27, 2008

Em pausa

Fui feliz então. Sim, sei que fui. Antes de tudo, antes do eu de agora. Era e fui feliz. Sentia a música que me fazia sorrir e não queria, não acreditava, não sabia que tudo poderia ser de outra forma. Afinal, o que correria mal? Afinal: tudo o resto! Mas, volta para cima, volta para baixo, mais dia menos dia a minha sina é a de existir. E assim o faço. Desta vez, estou bem. Por agora, estou bem. Não feliz, mas bem. Não perdi as expectativas, apenas encontrei-me na realidade. Sorrio hoje, pelo menos para não chorar. Não estou triste, apenas tenho saudades.

segunda-feira, junho 09, 2008

E agora?

Passa o tempo, como sempre, a ritmo demasiado próprio. Estou parado, sem evoluir. Estou agora como estava antes, demasiado igual. Nem sempre mudar é bom, podemos ficar não tão bem como estávamos. Ou então nem sempre é mau pois podemos ficar melhor. Mas mudar significa ficar diferente, significa seguir um qualquer rumo. Eu não sei estar como estou. Sinto uma ansiedade demasiado intensa por prever o meu amanhã, por saber que me irei levantar sem te ter a meu lado. Hoje e amanhã como todos os outros dias até agora... O futuro será outro, eu sei, mas não agora, só depois... E não estou em desespero por isso, pelo menos ainda não... Mas seria suposto? Deveria ansiar demais? Ou deveria eu aceitar como inevitável esta espera?



terça-feira, abril 01, 2008

Mais um acto de sonhar...

Há muito, muito tempo deixei o meu coração perdido no meio do mar, para lá das ondas, num paraíso verde onde ouso sonhar. Há muito, muito tempo, amei aqui.

Mas a vida seguiu, por onde haveria de seguir. E eu hoje volto a desejar perder o meu coração no mesmo mar, volto a desejar poder perder-me para lá das mesmas ondas, no mesmo paraíso. Eu hoje apenas volto a sonhar.

Por vezes sinto-me a deixar ir, sem saber... Outras vezes vou sem saber disso. Hoje apenas sei que gostaria de poder continuar a sonhar. Sei que isto é apenas isto, sei apenas que sorrio porque sorris, que os meus olhos brilham por nos podermos olhar, mas sei que apenas estou a sonhar.

Mas é nestes sonhos que me sinto a querer ser feliz porque, afinal, mesmo a sonhar posso um dia vir a acordar...

terça-feira, março 11, 2008

Pensei nisto... Apenas isso.

Quando se desiste encontra-se, no momento seguinte, alguma força para continuar, alguma coragem para voltar a acreditar ou apenas um sorriso que já não achávamos existir.

E voltamos aos erros de sempre, aos sonhos de então, voltamos a querer o que sempre quisemos, crentes de que desta vez será diferente, que desta vez poderemos ser mesmo felizes.

Mas de cada vez há mais um pouco de medo de sabermos ser um erro. Um pouco mais apenas, mas não o suficiente para nos parar. Sim, porque quando somos ingénuos, somos e seremos sempre ingénuos. E queremos sempre sonhar. E sorrir, mesmo que esse segundo de sorriso nos traga demasiados momentos de lágrimas, porque chorar é viver, da mesma forma. Mais intensa até, porque nos apercebemos do mundo que está à nossa volta.

Quando estamos felizes, não nos percebemos da bênção que é estarmos felizes. Quando choramos percebemos o que perdemos, o que deixámos de ter, o que não conseguimos fazer nosso. Ficamos parados em nós, à espera que não exista o que nos faça mover.

Mas todos os dias para mim são a mais absoluta incógnita. Nunca sei o que me vai fazer viver no dia que começa, se um sorriso, se uma lágrima, se apenas uma amorfa apatia de quem já desistiu, por ora, por então.

Hoje estou apenas a pensar nisso. Hoje estou apenas a pensar que ontem o meu mundo mudou, de novo, para o mesmo... Apenas isso.

terça-feira, março 04, 2008

Estás feliz?

Olá! Tudo bem? Viva? Como estás? Então, como vai isso? - quantas vezes estas expressões já nos soaram pelos ouvidos? Vezes e vezes incontáveis certamente... Mas hoje perguntaram-me, de passagem, sem tempo para me ouvir mas com atenção à minha resposta, se eu estava feliz.

"Estás feliz?" - sorriu, viu-me sorrir, e seguiu.


E foi assim que fiquei a pensar, se estarei feliz... Não estou nem deixo de estar, apenas deixei de pensar nisso. Feliz ou não, apenas sei que sorri. Porque afinal, talvez esteja...

sábado, março 01, 2008

Insano, por momentos.

Voltei a amar, de novo, a ti outra vez porque não consegues ser passado, não sabes morrer e renascer outro que não tu.
Voltei a amar, voltei a amar-te, como sempre... *

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Raro.

Dia raro, sentimento comum. A nostalgia a querer ficar e eu a querer ir atrás de mim. Quero fugir e libertar-me destas amarras que me prendem onde não é suposto eu ficar, em quem não quer estar assim.


Dia raro, vida comum. À volta, tudo se torna demasiado banal. Todos são os mesmos de sempre e, no entanto, já ninguém é quem eu conheci. Tudo muda sem que saiam do seu lugar. Mudam apenas no meu.


Dia raro. Eu igual. Em mim sou único como outros tantos que poderia ser. Afinal, um ciclo repete-se em si próprio vezes sem fim. Como eu me reinvento nos mesmo que já fui...

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Deslocado...

Os fascínios de outrora perderam, por enquanto, o encanto. Já não sorrio com a ilusão de um talvez, já não sonho com a possibilidade de um possivelmente. Caí em mim e percebi que nada disto ou disso eu quero. Vivo para um mundo diferente daquele que sonho. Vivo sem pertencer ao tempo ou ao lugar. Não sou daqui. Não sou de agora. Queria poder parar tudo e definir tudo eu, qual Deus a pôr tudo no lugar. Nada é o que deveria ser, nada está como deveria estar. E eu vivo isso todos os dias. E sobrevivo a isso, todos os dias.
Queria outro tempo, outro mundo. Não outra vida porque só isso não chega. Queria viver antes, quero viver depois, quero outro Universo que não este que constantemente me faz sentir assim, longe de mim, do que sou e do que quero ser. Qual toque de Midas, queria poder voltar a fazer tudo de um modo diferente, para ter a certeza de que estou errado. Ou então, para ter a certeza que estou apenas deslocado...

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

A voar...


Às vezes olhava tudo de baixo, sentindo-me sempre pequeno e menor. Às vezes custava-me acreditar que estava, então, errado. Mas entretanto decidi voltar a voar. Acreditei que era capaz e subi, acima de mim, acima daquilo em que o meu corpo se sentia para viver. E então sorri de novo. Precisava sair, de mim, para poder entender-me. Como outrora, foi lá fora que encontrei paz, porque descobri que pertenço aqui.

Não lá em cima, não lá fora. Nem sei se mesmo cá dentro. Mas sei que tenho de continuar a voar para não esquecer o meu lugar...

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Apenas uma memória

Fiquei a pensar naquele "sabes que sim". Fiquei a pensar por que a tua mão não veio de encontro à minha pele, no porquê de ser sempre eu a ter falta de ti. Fiquei a pensar no que faço aqui. Nenhum de nós sabe. Nem tampouco o porquê de continuar. Já sabia que não tinha o lugar que queria. Apenas quis sonhar um pouco. Uma vez mais. Já está. Sonhado e acordado.

Sou visceral. Violentamente visceral. O suficiente para conseguir erguer-me do nada e seguir em frente. Sem mais explicações ou dilemas. Descompenso a não presença ausentando-me donde nunca fiz falta e onde nunca estive ou pertenci. Reconforta-me a ideia de não se aperceberem da minha ida. Sinal de que estava visceralmente certo.

Queria que não tivesses mundo. Queria que fosses só meu e eu só teu. Queria apenas o sonho que tive. Sei agora que não passa disso, de uma mera divagação do meu inconsciente. Mas queria que não tivesses em ti os mesmos fantasmas que tento esquecer, aqueles dos quais fugi tempo demais.


Queria um mundo que apenas acontece nas memórias que nunca consegui chegar a construir. Queria um sonho, aquele, aquele que existe nas recordações que me deste. Queria... queria tudo mas já não quero nada.

Nunca exististe afinal, porque pertences a um mundo que já esqueci, sem sequer me ter lembrado. Não passas de uma memória, uma memória que nunca vivi...


P.S.: texto descontemporâneo, desfasado da realidade no tempo. E possivelmente em tudo o resto!

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Blind.



Porque a realidade por vezes deixa de ter sentido e nem sempre os sentidos conseguem ser reais.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Triste, de novo, para não ser feliz.

Triste infeliz, que choras por teres deixado de sentir. Triste, porque te isolaste da solidão e não foste capaz de viver sem ela. Triste, não agora, mas no que és, porque perdeste a essência do que é sentir o latejar do coração. Morreste e não acordaste a tempo para viver de novo. Deixa-te estar. Fica. Continua parado. Não voltes a ferir a inocência da aura que já foi tua. Não respires. Não respires mais. Morre de vez para não acordares. Agora vive, como se nunca tivesses vivido. Sê alguém. Outro. sim, esse. Diferente. Feliz. Não, não voltes a ser triste.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Foi desta, finalmente... último erro.

Pensei que custava mais. Afinal resulta fazer o luto enquanto ainda se está vivo. Dói menos. Passa mais depressa. Recupera-se melhor.

Bebe-se um copo e outro e quando se dá conta já se beberam copos demais. E comete-se a calamidade de incorrer num erro. Afinal, não foi um erro. Digam o que disserem foi um mero ponto final. Sim, foi. Não digas que não. Foi e é um ponto final. Talvez não teu mas meu. Nunca me lerás, mas digo-to na mesma. Acabou, como tinhas dito.

Ao fim de tantos erros, cometi apenas um: o de prorrogar esta indecisão tempo demais. Apaixonei-me porque não podia. É sempre assim. Há anos que é assim. Tenho medo que me magoem de novo, medo de acreditar que poderei ser eternamente feliz e deixo-me ir quando sei que não vou a lado algum. Não me enganaste. Eu também não. Apenas demorei demasiado tempo a saber que estava errado.

Obrigado, por me fazeres acreditar. Aos poucos começo a saber que poderei voltar a ser feliz.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Expectativas.

Quando deixamos de almejar as estrelas do céu, basta-nos o azul do horizonte. Mas depois deixamos de acreditar que flutuamos por entre brancas nuvens e chega-nos sorrir ao ver o verde que sai da terra e a sentir o cheiro da água que caiu ainda há pouco. E ao esquecermos que podemos ter a luz do sol a aquecer-nos o corpo, esquecemos a luz da lua a iluminar-nos a alma. Quando mais queremos partir é quando mais sentimos que temos que ficar. Disse adeus em resposta a um olhar perdido que não sentiu a minha despedida. Decidi ir para não regressar quando afinal não conheço outro caminho senão o que me leva de volta àquele lugar. De volta a ti. Deixei de desejar as estrelas mas ainda sinto o negro do céu quando fecho os olhos deitado a teu lado.

Queria que não tivesses mundo. Queria que fosses só meu e eu só teu. Queria apenas o sonho que tive. Sei agora que não passa disso, de uma mera divagação do meu inconsciente. Mas queria que não tivesses em ti os mesmos fantasmas que tento esquecer, aqueles dos quais fugi tempo demais.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Le Petit Prince de moi.

Dizia a raposa para o Pequeno Príncipe: "Eis o meu segredo. Não vemos bem senão com o coração. O essencial é invisível para os olhos."
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Muito tempo na minha vida foi preenchido com a obsessiva procura de uma forma racional de estar, de encontrar a ausência de emoções num quotidiano funcional. Funcionou. Funcionou até eu permitir-me sentir, pela primeira vez. Desde então nunca mais parei de me deixar invadir por convulsões demasiadamente intensas de sentimentos contraditórios à minha original essência.
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E estava perdido. Perdido por não estar preparado. Mas acima de tudo por não saber lidar com as sensações, com aquilo que em toda a minha vida tinha mantido afastado de mim. Mas a raposa tinha razão. Não basta pensar. Mas tampouco basta sentir. É preciso viver. E isso implica tudo. Desde a alegria do sorriso que sinto a nascer em mim à tristeza da lágrima que há-de cair quando já aí não pertencer.
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É mais fácil falar quando se tem um "príncipe" ou quando se é uma "raposa", mas o importante é sorrir até se chorar.
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"C'est le temps que tu as perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante."

domingo, novembro 11, 2007

Volta depressa...

Fazes-me falta. Em tão pouco tempo és tanto. Mais no meu mundo, eu sei, de novo, isso. Mas é sempre assim quando é, mesmo quando não parece. Em mim tudo se torna maior. Sinto vontade de regressar aos teus braços sempre que deles me afasto. Sonho com o teu sorriso e com o doce travo do teu olhar.
Principio a loucura eu sei, de querer ficar assim sempre, com este desejo de não estar nunca afastado de ti para que a saudade não me assole desta forma. Mas eu gosto da saudade, gosto de me lembrar a cada momento que gosto de estar assim, de sentir isto que sinto.
Ao fim de tanto tempo achei que nunca mais sentiria isto, nem por um momento. E sei, de novo sei que poderá ser exactamente apenas isso. Mas é bom estar vivo de novo.
Tenho saudade, volta. Volta depressa... *

quinta-feira, novembro 08, 2007

Feliz


Escrevo, pela primeira vez em muito tempo, feliz.


Recordo a minha manhã no Deux Moulins, a tarde passada ao som do chilrear dos passarinhos que almoçavam as minhas migalhas enquanto me deliciava com o calor da brisa do Sena. No final do dia, as caretas à Mona ou o apertar da mão da Vénus. O dia: único. Eu: finalmente feliz.


Um lustro passou desde então e essa sensação, vivida ao fim de duas dezenas, havia durado apenas uma longa efemeridade.


Hoje estou assim, feliz por chorar. Feliz por teres começado a quebrar o gelo que construí em volta de mim para não deixar que a dor entrasse. Afinal, servia meramente para que ela não saísse. Estou feliz, nem que seja apenas pelo sorriso que me esperou esta manhã.


Eu sei, este mundo é de novo meu, o castelo está suspenso numa nuvem minha. Mas fica feliz por mim, e comigo, porque hoje, agora, independentemente da vida de amanhã, eu estou a sorrir por ti.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Céus.

Pingam dos céus laivos de cor. Do azul, profundo e distante, sorri o branco que lancei à terra em tempos. Transforma-se, aos poucos, com o passar do ponteiro. E escurece. Torna-se um pouco mais sombrio mas ao mesmo tempo mais quente. Revisitam-me as memórias de quem já não me visita mais. Fazemos a vida depender de um olhar, de um sentido, de uma forma de estar. Olhamos à volta e percorremos o deserto de quem não acreditamos existir. Deixo a porta entreaberta porque estou seguro de que não haverá qualquer entrada, deixo de me esconder porque também já nada se esconde. Estou em paz. Alguma. Assim como o céu sobre mim.

sábado, setembro 01, 2007

Sabor a chá.

Durante muito tempo sabia o chá que servia, o sabor que queria levar e deixar como travo. Sabia bem o que pretendiam de mim! O tempo passou e as crenças em mim e no sabor que na água deixara passou de ser meu para não ser nenhum, de ninguém.
Estou assim. Estou bem. Ou não. Estou a tentar pôr a mesa para mim. Não partilho a chávena para não querer deixar de beber dela. Sinto o calor nas mãos. Estendo a toalha mas guardo o resto da loiça por não servir senão o do costume. Sento-me para cumprir um ritual que não é de mais ninguém. Afinal, branco ou negro, verde ou oolong, este sabor não é do chá. Este sabor perdeu-se nos lábios de alguém. De mim? Talvez...

segunda-feira, agosto 27, 2007

Fastio

Para quê? Para quê perder-me na imensidão de um corpo que não é o meu? Porquê crer em limites que não me pertencem e que eu não controlo. Páro, em paz, num silêncio meu, imposto por mim às investidas de quem não me conhece. Silencio-me, de novo, tentando escapar às minhas próprias tentações. Esqueço. Esqueço que sou humano de carne e osso para não me perder de novo. E é entao que páro. De vez. Parei para não ter que ir. Para não ir onde já não quero estar. Passo do cansaço ao tédio. Termino-me no fastio de quem não evolui, agora, para já. Espero. Espero por mim, apenas por mim.

terça-feira, agosto 21, 2007

Circular

Na ilusão das gotas perco os sentidos, confiante no tempo que ousa passar lentamente sob o penar dos meus pensamentos! Respiro porque tenho de o fazer, constrangido a uma rotina entediante, limitando as asas do meu vôo ao sonho imberbe da inocência esquecida no passado. Mudo para me encontrar igual, abro as portas do meu caminho para o encontrar despojado de alma. De que vale tal ousadia? Para que serve tamanha audácia? Para tentar irromper o inquebrável círculo de desilusões que se apoderou de mim outrora? Não desisto, mas deixei de acreditar na vitória. Alio-me àquilo de que fujo para me vencer. E assim estou: no fim de mais um círculo.