domingo, abril 29, 2007

Diz-me

Por que custa tanto olhar-te nos olhos e perceber que já não me vês? Por que continuas a viver em mim nestes momentos em que nem eu o quero fazer?

O destino está sempre a magoar, a provocar a minha réstia de sanidade, levando-me cada vez mais a um limite que sei ter, que sinto aproximar-se...

Ontem custou muito. Por ti, por mim, por tudo... Porque vi um futuro que já não vai ser, porque vi o passado que acabou e porque sei que o meu presente já não é este, deixou de ser qualquer coisa...

Por que te vi hoje? De novo? A custares-me a alma e a pedir as lágrimas que perdi? Porquê de novo tu? Gostas de mim? Diz-me! Gostas? Preciso saber para poder continuar a viver... Fala comigo porque eu já não sei o que te dizer...

quarta-feira, abril 25, 2007

Pés da terra


Passa o tempo, devagar, sob as penas do resquício de uma esperança que já não é guardada como a relíquia de outrora...

Carrego de coragem os pés, preparo-me para uma caminhada para longe de onde estou. Fujo de ti e de mim. Fujo dos fantasmas que para mim criei. Ontem saí e vi o meu passado. Hoje esqueci e vesti-me para enfrentar o futuro. Ficas para trás, sob a sombra dos meus pés, enquanto sigo para lá do horizonte.

Não quero voltar a amar: não se sorri as lágrimas que se choram.

E assim vivo, um dia de cada vez, querendo que sejam todos diferentes dos que já passaram. Mas, agora já não choro. Sigo apenas em frente. De pés da terra...

quinta-feira, abril 19, 2007

Deixa-o voar: ao sonho.

Aqui sentado, diante de ti, relembro palavras que jamais pensara voltar a acreditar. Por vezes penso se não serás apenas um sonho, mera ilusão de mais uma pura fantasia minha. Afinal, apenas existimos em mim, nos meus devaneios, nas minhas constantes descompensações em tempos livres da comiseração que me assola há demasiado tempo...

Quem és tu que me faz rir de novo? Quem és tu, que pôs as estrelas no meu tecto e me fez querer voltar a ver o mar? Quem és tu, que voltaste a pôr um sorriso no meu olhar? Quem és tu que a eles de novo trouxe a água de uma lua de madrugada? Quem és?

Sei que não vais ficar. Sei que não somos eternos. Mas, acima de tudo, sei que nunca fomos. Mas a eternidade deixou de ter tempo. A felicidade não vive dos dias... Aqui sentado, diante de ti, vejo-te noutro mundo. Não é meu, não é o meu. Vejo-te sem o meu reflexo. Mas isso, por breves instantes, não teve importância. Estás. És. Existes. E fizeste-me acreditar, naqueles breves instantes, que tudo poderia ser tão diferente...

Mas, volto a mim, volto ao que sempre fui. Volto a fechar a porta que nunca deveria ter aberto. Volto a encerrar um capítulo por ler. Volto a não escrever as mesmas palavras que outrora derramaram das minhas memórias.

O coração extasiado leva o corpo a ganhar asas e a alma voa. Voa para longe deste sonho que não volto a sonhar.

Deixa-o voar: ao sonho.