sexta-feira, agosto 27, 2010

Damaged good...

Indubitável é a minha capacidade de me fazer pertencer. Quando outrora era sempre eu no meio de tantos, hoje não me reconheço no seio de ninguém. Estranho este ar que respiro. Estranho este mundo que vejo. Sei que já foi o meu quando eu era quem era. Mas agora, que já não sou o que sou, já não mais o reconheço. Não só: já não mais me sinto confortável nele. Estereótipos há. E de entre todos eles, não me revejo em nenhum. Quando eram outras as histórias, feliz estava eu por não ser alma igual à de ninguém! Hoje, apenas gostaria de não ser sempre o estranho que me encontram. Folgo por me encontrar a respirar, lamento apenas não ser eu.

E olho-me a ter os temores do mundo sob os meus olhos e as tristezas que ninguém afaga sobre os meus ombros a implorarem pelo pouco sal que ainda me resta. Eu sei: já morri! Mas tenho esperança de acreditar que ainda não foi agora... Morro aos poucos, a cada lembrança que me assola o espírito. Daquilo que fui, daquilo que tive, daquilo que houve em mim. Se pudesse decidir, não me haveria. Não seria hoje senão pó, senão tristeza morta sob os pés de quem me pisa. Demasiados são já os mundos onde eu já não tenho vida. Pouco me resta de espaço naquilo que já foi, outrora, um universo de vivências. Não me sabem, não me vêem, não conhecem a dimensão do meu vazio. Por mais próximo que alguém chegue, estará sempre loonge demais. Passa o tempo e eu mais pequeno estou, mais pequeno sou. Passa o tempo, demasiado tempo, que já há muito não quero. Não quero ser mais um sobrevivente. Quero poder desistir. Quero parar agora porque já não tenho mais forças para derramar de mim o mar que há muito secou. Respiro fundo, muitas vezes, esperando ser esse o meu último fôlego. O destino não deixa...


Já não sou o que era, apenas porque ao longo do tempo, a erosão das minhas histórias derramou de mim a solidão em que me abandono...