domingo, outubro 25, 2009

No más...

Si tú me olvidas

Quiero que sepas
una cosa.
Tú sabes cómo es esto:
si miro
la luna de cristal, la rama roja
del lento otoño en mi ventana,
si toco
junto al fuego
la impalpable ceniza
o el arrugado cuerpo de la leña,
todo me lleva a ti,
como si todo lo que existe,
aromas, luz, metales,
fueran pequeños barcos que navegan
hacia las islas tuyas que me aguardan.
Ahora bien,
si poco a poco dejas de quererme
dejaré de quererte poco a poco.
Si de pronto
me olvidas
no me busques,
que ya te habré olvidado.
Si consideras largo y loco
el viento de banderas
que pasa por mi vida
y te decides
a dejarme a la orilla
del corazón en que tengo raíces,
piensa
que en ese día,
a esa hora
levantaré los brazos
y saldrán mis raíces
a buscar otra tierra.
Pero
si cada día,
cada hora
sientes que a mí estás destinado
con dulzura implacable.
Si cada día sube
una flor a tus labios a buscarme,
ay amor mío, ay mío,
en mí todo ese fuego se repite,
en mí nada se apaga ni se olvida,
mi amor se nutre de tu amor, amado,
y mientras vivas estará en tus brazos
sin salir de los míos.

Pablo Neruda (adapt.)

Por una ultima vez!

quarta-feira, outubro 21, 2009

De novo, covarde.

Sorrio, mas sem o conseguir fazer, passeando por entre a platéia que me enterra, que me desdenha a cada inspiração que tomo minha. Sigo em frente, sabendo que o trilho não é meu. E é assim que me sinto, antes de ser possuído pela vontade de seccionar uma mera radial, de cateterizar uma qualquer veia complacente. Cada vez mais sei que não deveria cá estar, cada vez mais me sinto perdido no mundo que ousara ser encontrado e ser tomado como meu. Uma vez, uma noite, uma ilusão. Não és tu! É apenas o escroque que resultou naquilo que alguém fez, que alguém deteriorou enquanto outros faziam a condenação. Morte diria eu. Talvez. Morto de um de nós. Eu apenas tenho boas veias para sucumbir...

Chego a casa e choro, todos os dias quando são noite, todas as noites quando amanhece. Ninguém sabe, ninguém ouve, ninguém cheira este sal. Ninguém entende o peso da lâmina, do pó compacto em doces amargos ou das gotas de ilusão em que insisto naufragar. Quisera outrora coragem para fugir das idéias que me assolam a alma desde o acordar ao adormecer. Quisera então coragem para sobreviver a um novo acordar. E covardemente acordo. E covardemente me deixo sobreviver.

segunda-feira, outubro 05, 2009

. . .

Aos poucos vão passando os dias que me trouxeram memórias de outros tempos. Parto em viagem com a vontade e a sensação das despedidas. Digo adeus a este presente que constantemente (re)vive o/do/no passado. Tenho que saber ser capaz de evoluir em frente, de seguir de novo um caminho. Estou cansado da segurança que representam para mim os fracassos de então. Não devo desistir de tentar acreditar de novo. Não devo cruzar os braços e receber os insucessos como meras constatações na inexistência de uma alternativa.Vou sonhar um pouco desta vez. Mesmo que um dia acorde.

sábado, outubro 03, 2009

Estações

Olho em torno de mim e vejo a felicidade que a Primavera, por ousadia, teima em trazer. Olho ao espelho e vejo aquilo que o Outono deixou, tudo aquilo que o frio do Inverno permitiu preservar.

Gostava que tudo desabrochasse em algo novo mas não houve sementes novas. Apenas restam em mim as pétalas de uma flor que morreu, as folhas de uma memória que continua perene. Não há fruto há demasiado tempo, não há o que colher nem o que esperar nesta estação jovial. Morro aos poucos esperando que o Verão passe para que o Outono venha de novo tentar fazer-me crescer um pouco mais. Já passaram muitas estações desde que tentei deixar de ser feliz. E, a cada uma que passa, esse meu sucesso torna-se cada vez mais evidente. Queria apenas poder deixar de tentar, para perder e voltar a ser feliz. Queria, afinal, ter outro Verão que não aquele Outono.