segunda-feira, novembro 01, 2010

fading...

Volto a sentir-me perdido em mim... Acordo de um sonho que não é meu, atormentam-me os pesadelos de um futuro que não volta mais...

Adormeço em pé, sentido o vento de uma madrugada que não prova mais o meu sal, sentido a chuva de um fim de tarde que me esqueceu.

Acordo aos poucos, sem coragem nem energia para me perder mais neste horizonte que me rodeia mas que eu não encontro. Acordei antes, mas adormeço depois. Deixo-me cair nas brumas de quem não me sabe, do que eu também já não sei.

Regresso ao ponto, ao tempo, em que deixara de ser eu para me tornar em mim. Deixo-me ir. Sem destino desta vez, sem rumo tampouco. Deixo-me. Vou só, sem o corpo que se arrastou por demasiado tempo nesta existência friável e sem sentido.

Cateterizo-me para me deixar desvanecer lentamente sem que os outros se acordem. Sem que alguém se aperceba que apenas se esqueceu. Sem que vejam que já não me viam... Aos poucos, fui desvanecendo. Hoje, já não me vêem, hoje já não sabem quem deixei de ser... Já não sabem em quem me tornei.

Hoje, deixei de ser o fantasma em que me transformei. Hoje passei a ser uma breve lembrança de uma sombra ténue. Espero apenas que a luz se apague...

Lembras-te de mim? Eu já não...