segunda-feira, dezembro 22, 2008

Depois dos duzentos...

Passaram mais de duzentos textos, passaram mais de duzentas vontades. Passou tanto desde que comecei aqui, mas muito mais desde que comecei onde me perdi. Aqui escrevo porque não consigo falar, porque não sei dizer a quem me ouve, porque quem ouve não escuta. Aqui estou eu, muitas vezes sem barreiras para lá de quem me vê. Muitas vezes apenas a traduzi-las para que alguém me veja do lado de cá.

Tenho vindo cá meramente pela saudade. Pela saudade de escrever, porque gosto de o fazer. Gosto de dar liberdade aos dedos sobre o teclado e deixá-los fluir. Não tenho muito para dizer nos tempos que correm, não tenho tido muito para sentir. Estou feliz por opção e quando estou feliz não me amarguro e não me deixo sentir aquilo que me move as mãos para aqui. Mas ouço músicas que me recordam os tempos em que aqui me escondia e então sorrio, ou choro, ou apenas sinto a pele toda a arrepiar-se por me lembrar do que foi aqui estar, do que aqui me trouxe. Penso muitas vezes que não estou arrependido de tudo o que me deixei sentir apenas pelo facto de me ter permitido ser genuíno. Mas também deixou cicatrizes que não hão-de passar nunca. Ficaram marcas que definiram muito daquilo que sou hoje e daquilo que hoje me permito ser. Mas a vida é assim, feita do que é.

Hoje, procuro escolher o que a vida me pode oferecer e procuro a felicidade. E sou feliz porque sorrio à manhã quando chega e à noite quando me deito, porque desta vez já não convido a solidão a entrar. Estou sozinho mas sem ela. Reconheço aquilo que ainda gostaria de ter no meu dia-a-dia mas não vivo a pensar que podia estar completo de outro modo porque não podia. Estou completo em mim e comigo. Tenho agora a vida que escolhi. Vivo agora com sensibilidade e bom senso. Vivo bem, vivo-me a mim!
Depois dos duzentos ainda cá venho, talvez para uns outros duzentos noutro prato da balança...