segunda-feira, julho 25, 2005

Preparado?

Começam os preparativos, lentamente mas como sempre de uma forma quase sôfrega.

É pensar no que vamos vestir, no que vamos comer, naquilo que nos pode acontecer e que nunca antevemos. É começar a amontoar tudo aquilo que não podemos esquecer e que de certeza acabaremos por não levar…

Antes de uma viagem ou antes das férias a azáfama é sempre um ritual que cumpro com toda a seriedade e com todos os preceitos. Só não me esqueço. Tenho sorte acho eu, por nunca ter precisado de nada que não levei…

Acho que ainda conservo algumas características estranhamente adquiridas na minha adolescência: era tão perfeccionista, calculista e preparado… Agora, é aquilo que se vê. Mas nas preparações das férias continuo idêntico…

Como é algo pelo qual eu anseio, acho que vou com bastante antecedência pensando em tudo. O que me leva a vivenciar, talvez de uma forma psicótica, as minhas férias por antecipação. E é assim que vejo aquilo que entretanto fui precisando e faço como que uma lista mental inconsciente…

E nestas férias tenho a certeza que não terei motivos de preocupação porque estou a prepará-las e a vivê-las há muito tempo!

Como muito na vida: “é melhor ter e não precisar que precisar e não ter!”

domingo, julho 24, 2005

Noites de sábado

As minhas noites de sábado têm sido cada vez mais estranhas… mas não posso dizer que têm corrido mal. Muito pelo contrário…

Sinto que tenho voltado às origens, ou pelo menos lá perto, ao regressar às cadeiras onde outrora me sentava, ao beber aquilo que antigamente não me deixava tão alegre.

As pessoas por vezes são repetidas, do passado ou no presente, mas em comum estou lá eu, eu e minha vontade de querer saber em que me hei tornado…

Sinto que aos poucos me esvaio de mim, para finalmente deixar de ser o que quer que eu próprio tenha criado. Aos poucos reorganizo-me sem nunca abandonar o meu próprio caos. Mas, ao perder-me, espero poder encontrar aquilo que já não procuro.

As noites de sábado podem servir não só como uma forma de expiarmos tudo aquilo que se deposita nos nossos ombros ao longo da eternidade que passou desde aquela outra última noite como serve para nos vermos, aos poucos, à medida que os licores se apoderam da nossa alma. E é quando aí nos vemos que sabemos como somos e se temos o que queremos.

É aí que sabemos quem somos. E como somos.

Nesta última noite de sábado disseram que, quando somos crianças, queremos ter profissões aventureiras como ser bombeiro ou astronauta. À medida que crescemos, quando nos voltam a perguntar o que queremos ser quando formos grandes, dizemos que desejamos profissões de respeito e renome como médicos ou gestores. Ontem disseram-me que quando já somos grandes apenas queremos ser felizes.

Mas, eu não quero ser feliz. Se o fosse deixaria de ter por que viver. Eu apenas quero saber quem sou… ou se apenas posso ser aquilo que a minha essência dita ser…

Agora, que já sou grande, eu apenas me quero a mim, a mim e às noites de sábado…

Serás tu, agora?

À toa, como quem não queria dizer o que disse da forma tão correcta como acabou por dizer, quem já no passado partilhou felicidades comigo insinuou que talvez agora tenha deixado as personagens, talvez tenha ganho a coragem ou perdido o medo, talvez agora seja eu.

Por isso escrevo e reajo ao que pensam de mim e sobre mim, porque é a primeira vez em mais de duas décadas que me preocupo com o que posso parecer ser.

Talvez eu agora seja eu, com tudo o que se pode ter.

sábado, julho 23, 2005

Férias...rápido!

Ou é do cansaço ou da ansiedade das férias mas a paciência cada vez é mais rara e se esgota mais depressa.

Até pode ser do meu mau feitio que muitos dizem não ter, ou apenas pelo facto de eu achar que há mais na e da vida do que aquilo que parece a uma primeira vista pouco esforçada, mas estou farto do quotidiano que ando a manter.

A cada dia que passa tento reinventar-me e recriar o que me rodeia mas torna-se difícil quando tudo se assume como dado adquirido e nos apercebemos que todos se conformaram à ignobilidade da inacção.

Pretendo-me apenas outro que não todos os outros que já fui, outro diferente e não uma mistura de tudo.

Sinto que a vida para mim tem sido mesmo um palco sem que eu saia dele embora a plateia que assiste às minhas peças esteja constantemente a alterar-se. De tal forma que nunca me conhecem como o actor mas apenas como um dos personagens que eu interpretei. Daí que ninguém me conheça e ninguém saiba quem eu sou. Daí que ninguém compreenda que mudei de guião e assumi nova personagem.

Seria bom que uma metáfora fosse mesmo uma vida. Era mais fácil para eu me fazer compreender se pudesse dizer: vem ver-me de novo ao palco. Mas, não posso. E não sei se hoje em dia alguém me veria. Seria apenas mais um monólogo para uma imensidão preenchida pelo vazio como todo e qualquer dos meus dias sempre…

Poucos foram os tempos em que não estive só. Mesmo quando alguém se fazia sentar ao meu lado, ou mesmo se deitava no mesmo leito que eu, eu sabia que não estava lá comigo e que no fundo se estava a fazer acompanhar por um estranho: eu! Que nunca foi quem supunham que eu fosse. E, por mais lhes dissesse, nunca compreenderam nem nunca viram que eu não era aquela ilusão que lhes mostrava nem tampouco a ilusão que eu lhes propunha ser.

Caos

Para quando o término do caos na minha vida?

Não antevejo o meu futuro, não deslindo qualquer sanidade no meu presente e fujo de um passado que me persegue…

Para quando algo real?

Actualmente de nada mais vivo senão de breves migalhas de um destino que se diverte a pregar-me partida. Não me custa, nem me incomoda viver assim, mas preferia não o fazer. Preferia poder optar, ou melhor ter opções e não forçosamente ter que optar já que é tarefa que nunca foi do meu agrado mas do meu destino.

Olho à minha volta e vejo-me cada vez mais rodeado de estranhos, de situações que não compreendo – ou não quero compreender porque sei que não as iria aceitar se consciente da sua existência – e de anseios e desejos por novos voos e novos mundos.

Trabalho o corpo, finalmente, ao fim de tantos anos; mas, desta feita, esqueci o trabalho à mente e à alma…

Mas, não esperem que eu desista porque agora nem mesmo eu me conseguirei derrotar nem irei lutar contra mim próprio… Com calma, porque agora tenho percepção do meu potencial, vou-me reconstruindo lentamente…

Mas, de certeza que o caos irá continuar enquanto eu o permitir porque a minha vida é e sempre será um caos!

quinta-feira, julho 21, 2005

Boas memórias ficam hoje!

Hoje tive um dia fabuloso, como poucos tive, mas como alguns que ainda hoje eu recordo. Acordei levemente ao som suave do dia, e fui almoçar ao pé da praia, com a brisa do sol e o som da voz de um amigo, novo, desconhecido até então mas, seguramente, um novo amigo, alguém que tem outra voz e que nos apela a pensar mais um pouco.

Se é certo que ando numa fase reconstrutiva, mais fiquei ainda ao ouvir certas coisas que achamos sermos apenas nós a pensar. Afinal, pensam mais. E pensam como nós.

O resto do dia foi algo banal, até que chegou a noite e me encontrei, ou reencontrei, com amigas do passado, na nossa casa, já antiga mas ainda nossa. E deixámo-nos ir, embalados pelo chá de malte, ao sabor de velhas lembranças e com o cheiro de futuros momentos que, como este, nos faça rir, chorar, falar e calar, ouvir o silêncio e voltar a sorrir.

Serão estes os momentos que deixarão saudade e memória., Aqueles em que somos nós, autênticos e puros. Aqueles em que somos nós.

E eu, principalmente eu, sinto não só saudade como nostalgia por nunca conseguir sê-lo sem ser assim: quando não faço por isso…

Acho que a noite de hoje fez-me ter saudades de mim, daquilo que fui naqueles momentos. Mas, o dia ensinou-me que posso ser o que quiser e que, talvez, se calhar, não sou assim tão “mau” quanto isso…

Certo é: continuo a ser um mau feitio e a ter mau génio, mas não deixo de ser um postal adorável…

domingo, julho 17, 2005

As aventuras de uma perdição

É estranho às vezes sentir-me reconfortado em casa... Mais estranho é senti-lo apenas quando estou só. Mas, ainda assim, não me senti capaz de resistir à habitual saída noturna de fim-de-semana.

Sem qualquer destino e sem companhia parti... Saí de casa sem ter a noção da noite que me esperava. E fui ao encontro de uma cerveja - algo não muito comum em mim pois sou dado a outro tipo de refrescantes - no seio de um manancial de gente que não conheço. No entanto, houve alguém e mais alguém e mais outro e outra que me foram reconhecendo e conhecendo e me foram dando algumas ideias sobre o meu destino a curto prazo naquela noite... E foram desejando a minha companhia...

Acho que foi isso que mais me marcou, o facto de me quererem de uma forma profundamente despreocupada e desinteressada. E assim fiz. Fui, como há muito tempo não ia, sem pensar no que seria de mim dali a pouco. Apenas sabia que me estava a sentir bem e esperava que aqueles bons momentos continuassem.

E assim foi. De bar em bar, sempre reencontrando caras do passado, do meu bom passado, de quando este tipo de noitadas eram o meu quotidiano, de quando me sentia bem com o mundo e em paz.

Agora que vivi esta noite, percebi que não tenho que me limitar aos confortos do meu mundo. Posso sair e arriscar, porque não pode ser pior que quatro paredes e uma escuridão. Ou melhor, por vezes foram mesmo quatro paredes e muita escuridão, mas pelo menos não estava sozinho e tinha música.

Cheguei a casa cedo... de manhã cedo... e muito bem comigo, feliz pela minha opção de horas antes. Afinal, para quê ter medo? Medo de quê, da vida?

É este o espírito que pretendo que preencha a minha vida...

É como em relação ao Sudoeste, alegoria da minha vida (sim, não é um erro ortográfico mas um recurso estilístico)... vou voltar a andar na minha, sem me prender a nada nem ninguém e não deixando que alguém se prenda a mim... há coisas que percebi dever recuperar do meu passado: a minha liberdade!

sábado, julho 16, 2005

Fantasma de mim...

Por mais que eu queira esquecer, apagar, enterrar o meu passado, ele continua e continuará sempre a perseguir-me. Se não for pelas minhas memórias será pela incapacidade de quem me rodeia vislumbrar o facto de as pessoas evoluírem, de eu evoluir e de não ser o mesmo a cada visão de mim...

Mas, por vezes penso: "de que me adianta o esforo de mudar se mais ninguém vê o quanto eu mudei?". Talvez seja porque eu não mude, talvez seja porque eu continuo o mesmo na essência... Talvez; até poderia ser isso, mas não é! Não é porque até a minha essência muda, se adapta a novas vontades e a novos anseios. A essência perdeu-se a cada morte de mim para renascer como outra, reformada...

Lavoisier dizia que "nada se cria, nada se destrói mas tudo se transforma". É como uma espécie de reencarnação... Quando morremos somos a matéria orgânica que irá ser convertida a matéria mineral e aproveitada pelas plantas que serão ingeridas pelos animais que irão ser ingeridos por outros animais. Na minha condição de alma em constate reconstrução, é importante ter a noção de que não me desperdiço, mas que sou reestruturado apenas, como que brincando aos Legos...

O problema, é que as pessoas vêm as peças mas não aquilo que elas compõem!

quinta-feira, julho 14, 2005

Melhoria!

Hoje fui pela primeira vez à praia este ano! E sinto que é mais uma boa mudança em mim...

Nunca quis ser desejado pelo corpo, quando nunca me respeitaram pela alma nem me respeitaram enquanto pessoa. Agora, que sinto estar em plenitude comigo e que o corpo começa a dar sinais de desenvoltura, reganho a cor saudável de outrora e sinto-me como há muito não sentia: bonito!

E se há coisa que eu não sinto frequentemente é isso, beleza, por fora, no sítio onde os outros olham e onde os outros dão importância! A embalagem é sempre o principal atractivo de um produto.

Não significa este meu novo estado que eu esteja intencionado em algum tipo de conquista; não, apenas quero sentir que seria bem sucedido se o fizesse.

Normalmente, quando estamos interessados em algo, ou melhor, em alguém, não conseguimos que haja a mesma vontade recíproca. Pelo menos eu, usualmente, não sou bem sucedido nesse campo. Agora, neste meu novo estado, após mais uma metamorfose, não estou interessado em conseguir atrair ninguém, apenas me sinto bem por achar que talvez agora fosse capaz de o fazer... talvez, apenas talvez, porque os melhoramentos numa aparência, o "estar algo melhor" por fora não significa que a imensa insegurança interior não permaneça íntegra! Apenas ajuda a acordar e a sair de casa!

E agora que consigo sair de casa, ninguém me segura neste mundo imenso...


(E já só faltam 3 semanas para o Sudoeste!!! Finalmente...)

O meu Quiz...

Agora que tenho um Quiz, uma série de perguntas acerca de mim, posso ter algum reflexo aquilo que as pessoas sabem, pensam ou imaginam de mim... Não se preocupem, é fácil. As perguntas não são de outro mundo e as respostas mais fáceis são ainda... Mesmo que não me conheçam, pelo que lêem talvez percebam alguma coisa.

Estranho é ver que há pessoas que me deveriam conhecer melhor que ninguém e erram. Outras há que realmente parece que me conhecem... (Sim, negra, a alma é negra!)

Entretanto, enquanto novos escritos não surgem, está ao lado a está uma oportunidade para provarem que me conhecem...

http://www03.quizyourfriends.com/takequiz.php?quizname=050713071400-674831&c=0&a=08

quarta-feira, julho 13, 2005

De volta às voltas...

Tenho andado muito calmo...

Tenho andado mesmo muito calmo, em tudo, não só nas produções literárias como também, e principalmente, na forma menos sôfrega de estar na vida... Sinto o ar a passar por mim quando respiro e, por vezes, sinto até o palpitar cá dentro. Mas, já há muito...

Dizem-me que mudei muito. É verdade. Mais do que qualquer outra pessoa que pertença ao meu mundo, tenho eu quase a certeza. Há quem diga que estou pior, que tem saudades das extravagâncias de outrora, do enebriamento que causava a quem se dignava a aproximar. Ou então do facto de eu ser inocente e estar lá, sempre lá, apesar de todas e quaisquer calcadelas eu continuava lá, por tudo e por todos... Sem acreditar, porque não havia necessidade em ter que acreditar. Apenas estava. Sempre.

Será que estou melhor agora por ser eu para mim? Pelo ,menos olho para o espelho e reconheço algo familiar... Mas, é difícil sermos o que somos quando nos perdemos ao longo do tempo e nos tentamos guiar por visões erráticas de nós... Quando tentamos perceber quem somos a partir daquilo que os outros contruíram de nós o resultado final estará enviezado, adulterado do que é real...

Por isso é que eu preciso do "sudoeste"! É a forma de voltar a uma espécie de origem e de me reencontrar, não no espelho de outros, mas no reflexo de um mesmo mar do meu passado e tentar voltar a ser aquilo que serei...

Quão longe no meu passado estará o meu mais real eu? Já alguém terá percebido o ponto de viragem do autêntico para o forjado pelos condicionalismos externos? Eu vou andando cada vez mas para lá e tentando perceber onde estarei... Se perdido, se esquecido, se apenas não lembrado...

Apenas sei ter a certeza de que, mais dia menos dia, me hei-de voltar a encontrar!


(Ah, é verdade, eu disse que voltava a falar do sudoeste...)

terça-feira, julho 12, 2005

Festival do Sudoeste

Quis variar e não escrever sobre nada nem sobre ninguém. Quer dizer, acabo sempre por fazê-lo, directa ou indirectamente, mas não é esse o objectivo imediato.

Estou à espera há muito tempo de algo que é tradição e costume para mim: o Festival do Sudoeste. Sim, apesar do que escrevo, não sou um pseudointelectualóide, sou alguém que adora acampar; de preferência no meio de milhares de pessoas, um manancial de gentes que não se conheçam mas que o possam vir a fazer...

Não vou lá pelos concertos, ainda que considere serem, sem dúvida, uma mais valia e o motivo pelo qual tanta gente lá está! Vou por lá estar, exactamente, essa mesma gente... e há animação, há a sensação de relaxamento e calma, vou pelos banhos no canal e nas praias alentejanas... vou pelo sol que lá se sente de forma diferente...

E este ano, mais do que nunca, estou ansioso, quero mesmo ir! Tenho saudades daquilo e preciso, como uma pilha necessita de corrente para recarregar!

Para já, fico por aqui, mas sinto que não será a última vez que falarei deste meu festival... E se quem me ler for, avise, ok?

segunda-feira, julho 11, 2005

Arrumos, outra vez!!!

Voltei a arrumar a casa, desta vez não só o meu quarto, diminuto nas suas dimensões e na sua capacidade de albergar algo mais para além de meu corpo e algumas peças de roupa, mas também o quarto onde havia guardado até então livros, cadernos e folhas soltas, escritos ou em branco, cartas e memórias, objectos que já nem era capaz de recordar a origem... ou seja, tudo, naquele amontoado de coisas estava lá de tudo!

Enquanto que livros e cadernos foram para o sótão, o resto foi para a reciclagem... estou cansado de acumular coisas que não preciso, de ter que arrumar aquilo que outrora me fez sorrir mas que agora ou me revolta ou nada me faz... prefiro reciclar, num sentido e noutro...

Agora, já consigo lá entrar e ver ar, ver a tinta das paredes que estiverem tanto tempo escondidas atrás daquele entulho. E sinto que há lá espaço, assim como em mim, para algo diferente ou somente para haver aquele espaço...

Na minha vida sempre foi assim... quando tive espaço, nunca lá tive nada para pôr!

É como quando arranjamos uma prateleira nova e procuramos livros para lá encaixar. Mas, comigo, ou os livros eram altos ou compridos demais, nunca foram os livros certos... Até que encontro uma colecção que, penso eu, "assenta perfeitamente". E aquilo lá vai aguentando, mesmo quando me apercebo que tudo está quase a rebentar por ser demasiado peso para algo tão frágil... Mas, fica tão bem não haver vazio que se tolera e se espera que a ilusão da ruptura seja apenas isso, uma ilusão. Mas, quando se é frágil não vale a pena fingir fortaleza: é-se frágil e ponto. E então, tudo desaba...

E o processo repete-se: recoloca-se a prateleira e guarda-se aquela colecção que, no fundo, percebemos nunca termos querido para nós, senão para preencher o vazio que nós próprios criámos. E recomeça a procura de novos livros ou de nova colecção para lá pôr, esperando que a próxima seja melhor, nos interesse realmente e aguente, na prateleira.

Começo a achar que deveria ler os livros antes de os arranjar... Só tenho desilusões! E cada vez mais perco o interesse na leitura..

Se calhar, é por isso que escrevo, à espera de ler algo de que goste...

domingo, julho 10, 2005

Importâncias...

Há dias na minha vida em que a vontade de falar ou simplesmente de escrever - como se o acto de escrita fosse mais simples!!! - é imensa e inmensurável. No entanto, esses costumam ser os dias em que não tenho com quem conversar ou não disponho de material de escrita que me proporcione devaneios à alma! Outros dias há em que nada consigo dizer e em que penso: "se fosse um iluminado, que estaria eu a escrever?"

Muitas já foram as vezes em que iniciei poemas, contos ou até mesmo livros, sem que fosse capaz de lhes dar continuidade por não comandar nessa minha vontade de escrita. Sinto como se as minhas mãos fossem meros instrumentos utilizados por entidades diversas, sem que cada uma seja capaz de perceber o que a anterior estava ou queria dizer.

Contudo, desde que escrevo nesta página, e embora sinta que vários foram já os "eus" que aqui deixaram suas marcas, a mão tem estado firme, relativamente sensível a uma linha de estar, de viver, mesmo que, não sabendo o que quer, vai sabendo o que tem.

Mas, não são apenas os meus "eus" que por cá andaram... Outros há que cá vieram e se deram, partilharam-se e partilharam algo seu, mesmo sem cá deixar nada senão a presença! Porque, em relação a esta página, o importante não é virar mas regressar! O importante não é a primeira vez como em muitas na nossa vida, o importante são todas as outras, cada uma mais!

Isto, para dizer que é um regojizo perceber que não estou só... que há quem pense como eu, quem sinta como eu e quem queira dar, de uma forma ou de outra, algo seu cá para fora! Sorrio de cada vez que sei que sou lido, e poderia até corar de cada vez que me deixam uma lembrança, de compreensão, de conhecimento ou apenas de esperança...

E isso é que é importante! Obrigado!

quinta-feira, julho 07, 2005

Já não sou eu, entendem?

Quantas já não foram as vezes em que tivémos uma sensação de dejá vu sinistra, não daquelas engraçadas que relatamos imediatamente aos amigos, mas das outras, que nos assustam e nos fazem rever muito de nós?

Ontem foi um dia totalmente para esquecer! Não por ter ocorrido algo extremamente desagradável mas por não ter feito nada, absolutamente nada. E que faz alguém quando nada faz? Resposta: pensa! Ai, ai, já sei... pensar faz mal! E então a mim, pior ainda!

Mas, ontem não. Ontem não fez nem bem nem mal. Não fez nada a não ser pôr-me a chegar a conclusões às quais já deveria ter chegado há muito tempo. Comecei a reparar que quem me rodeia não me conhece ou, então, inevitavelmente, apenas conhece alguém que eu lhes mostrei em tempos mas que agora não mais existe! Enquanto que eu evolui, várias vezes nesta humilde existência, quem me rodeia não foi capaz de acompanhar as minhas mudanças, não evoluiu comigo nem eu evolui nelas, na cabeça delas! Cheguei à conclusao que ninguém me conhece mesmo!

E a tristeza de estarmos sós no mundo é sentida assim: no desamparo da solidão da autosciência... Estamos sós enquanto não formos capazes de ser alguém para outro. Alguém não, enquanto não formos capazes de sermos nós próprios em e para quem nos vê!

Não que não tenha amigos. Tenho-os! Alguns há décadas o que é muito bom e prezo-os muito. Mas só lamento eu não ser o amigo que eles pensam... Se visse através dos olhos deles, eu não seria capaz de me encontrar na multidão. Ou eu sou esquizóide o suficiente para não me reconhecer ou... não sei... talvez eles tenham parado no meu passado e não reparem que já não sou quem era!

Gente: Andei! Evoluí! Cresci! Sou eu, lembram-se!?

A sensação por vezes é a de ser eternamente criança, eternamente "o filho" para os pais! Só quero que percebam que eu mudei! Para melhor ou pior, estou diferente! Estou com outra postura na vida, tenho outras ambições e tenho outras expectativas! Não quero nem menos nem mais do que queria antigamente! Quero simplesmente coisas diferentes!

O que eu quero? Não sei... mas vou descobrindo a cada dia que passa... O que sei é que eu, eu já não sou (o vosso) eu!

terça-feira, julho 05, 2005

Gotas perdidas

Há já muitos sóis que a humidade das lágrimas não me refrescava o rosto... Quando nada fazemos que alternativas temos ao pensamento? E o pensar faz-nos andar pela nossa vida, para a frente ou para trás, ou mesmo por onde estamos...

O meu futuro é mais do que incerto e o meu passado é pequeno, pelo menos aquele de que hoje me faço... Mas o meu presente tem alegrias suficientes para me fazer chorar enquanto sorrio, enquanto recordo os sinais coloridos que me fazem por voltar a mim, por voltar a ser quem sou, como sou e o que sou...

Afinal, agora estou feliz... e por isso, não custa chorar!

Isto nunca fiz...!

'"...estava fisicamente desfeito mas moralmente inteiro. Talvez porque já estava para além da dor. Para lá também da esperança. Num deserto de solidão, ou melhor, de solidariedade solitária".

(Semprún, Vinte anos e um dia.)

posted by Julio Machado Vaz'

My comment:

Talvez seja preferível estar moralmente inteiro... quando a alma quebra e apenas a matéria se suporta a razão de existir esvai-se, pouco a pouco, lenta e penosamente até que o fracasso dê coragem para optar: reconstruir ou desistir, de vez, de tudo!

Eu já desisti, mais do que uma vez, de tudo menos do corpo que nunca me quis abandonar... Afinal, sobrevive-se só com um corpo ainda que moribundo... até que algo possa renascer! E renasce, vezes e vezes sem conta, enquanto o corpo não aceitar morrer!

E a dor era a única prova de que ainda tinha ar nos pulmões e sangue a correr nas veias...

Escrever e ler... ou ser lido!

Tantos foram os textos que outrora escrevia convencido de que ninguém os iria ler que não me preocupei com o que eles pudessem dizer... Agora, vejo o número a rodar e a crescer e apercebo-me de que há olhos que percorrem as letras que escrevo e há gentes que podem sentir as palavras que penso... e a responsabilidade é grande! De não desiludir, de corresponder às expectativas criadas, de ter escrito qualquer coisa para que se leia e para que a passagem por aqui não tenha sido um desperdício de tempo e esforço!

Apareceram outros, que também escrevem, de algures que eu não sei onde, e confirmaram a minha suspeita de não estar só, de não ser o único a pensar e a sentir coisas destas, a ter estas ideias, estes sonhos e estas desilusões... Acho que todos os dias nos cruzamos com alguém que poderia ter dito o que eu disse, ou então, eu escrevo o que muitos não conseguem ou não sabem como o fazer...

Talvez, no fundo, muitos de nós não sejamos mais do que o mesmo entre uma comunidade de escrivas, que traduzem pensamentos, sentimentos, sonhos, anseios, medos, temores, fragilidades e fraquezas de muitos mais...

Mas, por que não decidimos nós traduzir o que de melhor a Humanidade e o quotidinano humano pode ter? Por que nos concentramos tanto nas coisas mais tristes ou desamparadas de nós? Não seria melhor fazermos alguém sorrir com textos belos em vez de arrepiarmos alguém, que nos lê, com palavras sentidas de mágoa?

Não posso eu tentar fazer apelos desta consciência pois também eu, acasos vários, me desamparo a mim próprio... Mas sei o que preferiria estar a escrever...

segunda-feira, julho 04, 2005

Hoje não!

Há mesmo dias em que não sai nada... Sento-me diante das teclas e as mãos não se movem, a cabeça não pensa e o coração não sente... pelo menos algo que valha a pena aqui pôr, se é que alguma coisa vale...

Por vezes, ponho-me a pensar por que escrevo isto, por que transponho para leitura pública o que provavelmente deveria ser privado. Nunca encontrei resposta concreta. Talvez para que alguém tente descobrir como eu realmente sou...

Mas enquanto que uns lêem uns textos e se identificam enquanto almas pensantes, outros reflectem-se... Mas, eu não quero reflectir ninguém que não eu e não pretendo atingir ninguém que não o meu próprio reflexo...

Esta página tem servido para eu me dar a conhecer e para eu poder expiar sentimentos que de outra forma não saem ou que de outra forma não se sentem... Desengane-se todo aquele que espera encontrar aqui respostas para os seus próprios enigmas pois, embora muitas vezes haja dúvidas em comum, as soluções não são aqui criadas nem ditas pois nem eu próprio as sei!

Esta página deveria existir com um aviso pois não deveria estar de acesso livre a qualquer alma incauta que pense ter estofo para me absorver...

Nem eu próprio muitas vezes me contenho em mim...

Hoje, por exemplo... não, hoje não!