quinta-feira, setembro 13, 2007

Céus.

Pingam dos céus laivos de cor. Do azul, profundo e distante, sorri o branco que lancei à terra em tempos. Transforma-se, aos poucos, com o passar do ponteiro. E escurece. Torna-se um pouco mais sombrio mas ao mesmo tempo mais quente. Revisitam-me as memórias de quem já não me visita mais. Fazemos a vida depender de um olhar, de um sentido, de uma forma de estar. Olhamos à volta e percorremos o deserto de quem não acreditamos existir. Deixo a porta entreaberta porque estou seguro de que não haverá qualquer entrada, deixo de me esconder porque também já nada se esconde. Estou em paz. Alguma. Assim como o céu sobre mim.

sábado, setembro 01, 2007

Sabor a chá.

Durante muito tempo sabia o chá que servia, o sabor que queria levar e deixar como travo. Sabia bem o que pretendiam de mim! O tempo passou e as crenças em mim e no sabor que na água deixara passou de ser meu para não ser nenhum, de ninguém.
Estou assim. Estou bem. Ou não. Estou a tentar pôr a mesa para mim. Não partilho a chávena para não querer deixar de beber dela. Sinto o calor nas mãos. Estendo a toalha mas guardo o resto da loiça por não servir senão o do costume. Sento-me para cumprir um ritual que não é de mais ninguém. Afinal, branco ou negro, verde ou oolong, este sabor não é do chá. Este sabor perdeu-se nos lábios de alguém. De mim? Talvez...