quinta-feira, maio 28, 2009

Desespero: em forma de verbo.

Sinto-me a desesperar, cansado de mim e de tudo. Sinto-me a perder a sanidade e a enlouquecer tal é o meu desenquadramento. Ouço sons antigos e recordo como fui afinal feliz outrora, quando não sabia. Ou quando apenas ansiava por mais. Soubera eu na altura o quão desapontante seriam as minhas expectativas e teria pedido muito menos. Talvez assim fosse agora feliz, talvez assim eu então me contentasse com tudo aquilo que não tenho.

Ouço canções antigas, músicas que me fizeram chorar, sorrir, viver. Ouço e, mais que nunca, quero tudo de volta, quero voltar atrás e parar no tempo. Não quero seguir em frente, não quero estar como estarei. Como poderei eu voltar a sorrir? Como voltar a não saber o que sei. Como é possível ansiar por nada e sorrir ainda assim?

Mais do mesmo, menos de pouco, tudo de volta à raíz daquilo que não me permite ser feliz, tudo em torno de mim me constringe, me sufoca. Não há alma gémea, não há afectividade, não há quem me saiba ler no silêncio das palavras. Quero retornar década e meia e parar quando ouvia o barulho das ruas e encontrava a paz ao virar da esquina. Quero dizer-me para ser feliz sempre, sem pensar que não serei feliz nunca...

Mas a vida é feita disto,ou melhor, a minha vida é feita destes meus desencontros comigo. Da minha incapacidade de respirar fundo e deixar-me estar, da minha profunda ineptitute social de viver comigo ao lado. Não me sei aceitar neste contexto em que tenho que estar constantemente. Gostava de me ver como muitos outros, gostava de conseguir voltar ao meu pequeno cantinho do mundo feliz, que entretanto deixei fugir...

Apenas quero poder fechar os olhos, esquecer-me de mim e... e sorrir.