sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Masquerade...

Reino em fulgor num tempo em que posso ser eu deixando de o ser... Passam ao meu lado egos escondidos que agora ousam revelar-se. Outros põem a máscara. Assumem quem não são. São quem não querem ser, ou até mesmo quem desejam. Não.

Este tempo não é só deste tempo. Todos nunca são quem querem ser, todos são sempre algo diferente. A pureza da essência desvaneceu-se nos tempos e perdemo-nos naquilo que os outros esperam de nós ou a nós destinam. Eu assim estou. Eu assim sou. Agora. Não antes. Agora estou assim.

Já não mais me sinto a pôr máscaras e muros diante de mim, já não mais construo limitações do mundo em meu redor impedindo-o de me alcançar. Entretenho-me a pôr os meus personagens em confronto aguardando pela derradeira vitória: a máscara das máscaras!

O tempo passa e cada vez mais as máscaras são-no menos e a dissimulação vai sendo subtil e despercebida. Perdemo-nos na realidade e acreditamos no que já não existe. A mentira reina com o tempo. Em mim e no meu mundo. E com ela a paranóia de que ela continua a existir.

Máscaras, mentira, dúvida, tudo aquilo do que tento fugir e ainda assim me persegue. Mundo frenético e exasperante. Eu só quero um pouco de paz...

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Esquizofrenias...

Ando obcecado com o meu passado, com o eu que enclausurei dentro de mim quando ele se queria perder. Não o deixei partir, não o deixei morrer, nem tampouco o deixei viver. Apenas o fechei. Escondi-o de mim para não me fazer lembrar.

Persigo vilmente um pesadelo, como que a expiar pecados que hei-de cometer. Recalco uma megalomania antiga. Recalco a perfeição de um ser que penso ter sido. Procuro-me. Hoje. Sem querer encontrar outro que não o que está por detrás das enormes muralhas que construí toda a minha vida em meu redor. Sentimo-nos aos dois; repelimo-nos sem nos afastarmos. Mas, temo que não possamos voltar a estar juntos. Um anula o outro. Este foge covardemente sem se impor. Cada vez me sinto mais incapaz de controlar os meus próprios fantasmas, ou os fantasmas de mim que fui acumulando com todas as vidas que me imaginei a viver.

Mundo paralelos, realidades criadas, inseguranças presentes, evidentes. Vivi demasiado tempo vidas minhas porque as que os outros me haviam destinado não chegavam, eram parcas de essência. E agora, pago ao destino ter que revivê-las sem ser o mesmo, sem ter as mesmas capacidades e apetências. Agora, fracasso. Mais uma vez. Dentro de mim. Eu!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

ESTÁS SOZINHO!!!! PERCEBES?

Há dias que só servem para o mundo todo se juntar e nos fazer ver o prazer que não existe na solidão de quem não a quer.

Tal como o Natal, há dias que odeio... Felizmente este já acabou. Mas, ainda tenho o resto da minha vida pela frente e parece que nunca mais acaba... Há eternidades que duram demais!

Pontos finais.


Poderemos nós algum dia ter a real noção do que somos, do que queremos e do que faremos na nossa vida? Quando saberemos que já foi longa demais? Chegaremos algum dia a ter a epifânia de não termos nada mais para fazer? E, se éramos melhores no passado, porquê seguir assim para o futuro?

Perguntas às quais não quero dar respostas por temer o meu destino quando as souber. Perguntas que deveriam terminar em pontos finais.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Incoerência... medo... incoer...

Não consigo dormir.
Revolvo-me na cama mas não adormeço. O sono não vem, os sonhos prefiro que também não apareçam! Sinto-me amorfo, mas sem o querer ser. Esta é a minha diferença do meu outro eu.

Não me quero resignar, apenas não encontro é saída. Sinto-me uma sombra perto do que já fui. "Onde estou eu?" - surge a pergunta!

Percebo que os meus dias estão preenchidos de incoerências. Quem me preenche o espaço são, na sua maioria, estranhos ou fantasmas do passado que regressaram. E volto aos sítios onde já estive, revivo conversas de outros tempos e percebo que tudo mudou sem, no entanto, ser diferente.

Estou cansado, mas não consigo fechar os olhos e deixar-me ir pois não tenho para onde, não tenho companhia e não quero mais um lugar vazio a meu lado. Contudo, não acredito em ninguém o suficiente para que me acompanhe.

São apenas incoerências. Querer e ao mesmo tempo não querer, achar que não posso, achar que não devo, ter o pressentimento de que nada é como deveria ser. Vivo constantemente o dilema de acreditar ou não no mundo que me rodeia. São os sentidos a lutarem com o medo.

Sim: medo. Medo é algo novo na minha vida, como uma pequena criança com alguns anos apenas, mas que se apoderou de mim e me controla e domina, ou porque não sei lidar com isso ou apenas porque deixei que o fizesse.

Tenho medo de acreditar que posso fazer a diferença, como fazia outrora, na vida das outras pessoas. Tenho medo de acreditar que existam sentimentos por mim, porque sei que um dia irão desvanecer-se e eu sentir-me-ei mais uma vez só. Tenho medo de me propor a projectos que receio não cumprir nem completar. Tenho medo de fracassar, ou mesmo de ser um fracasso. Não me sinto triste e miserável, como já me senti. Apenas reconheci o medo que existe em mim. Medo de me olhar ao espelho e ver-me a fraude que temia vir a ser.

Quem diria que eu, ousado e arrojado como era há uma década, confiante e seguro, me tornaria naquilo que sou hoje! Uma incoerência fracassada.

p.s.: ainda tenho alguma energia para, timidamente, sorrir à luz do Sol assim como à da Lua, mesmo que apenas com um triste esgar, pois são as únicas coisas que sei que estarão sempre no mesmo sítio e nunca me abandonarão.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Pausa.


Por vezes, fazer uma pausa, longa ou demorada, leva-nos a conclusões.

Desta vez, acho que não cheguei a qualquer conclusão digna de ser chamada disso mesmo. Parei e estou igual, igualmente igual. Ainda sem propósitos, sem projectos concluídos e sem trabalho feito para mostrar.

Sinto-me exactamente isso: parado. De repente refugiei-me em quatro paredes, não com medo do que está lá fora, mas sem vontade de visitar aquilo a que chamam mundo. Não tem nada que me desperte, muito infelizmente digo eu.

Digo infelizmente porque me sinto com energias para aproveitar aquilo que outrora desperdicei. Mas, o que fazer quando queremos fazer algo mas nada podemos fazer?

Descobrirei, amanhã, que o segredo é acordar cedo, é erguermo-nos com a alvorada e sorrir ao dia ao mesmo tempo que ele nos sorri. Quando perdemos a manhã, já o dia vai a meio e vemos então o fim da tarde e pensamos: se já perdi tanto, vou perder o resto e amanhã recomeço. Até que tudo se torna ciclicamente viciante e não se faz nunca nada.

Eu pelo menos sou assim, uma pessoa matinal, mas ao mesmo tempo, qual ave nocturna, vivo bem à noite... Apenas a tarde me deixa sem vontade de estar, em qualquer lado de qualquer forma...

O meu ritmo circadiano anda desregulado. Como tudo o resto... mas, pelo menos posso dizer que a pausa serviu para algo: para ver isso.

Por isso, até amanhã, de manhã, bem cedo...