quarta-feira, abril 19, 2006

Espaço em branco




Continuo a escrever, mas na minha cabeça... deixo páginas em branco enquanto preencho a alma com licores mundanos.



O meu actual silêncio deve-se a duas razões. Uma é nada mais do que a constante apatia e a monotonia que permiti instalar-se no meu quotidiano e, por conseguinte, na minha vida. Outra é a crescente raiva que tenho vindo a sentir pelo mundo em meu redor.

Ora se por um lado pretendo nada mais do que sentimentos belos e positivos em toda a minha existência, por outro concluo que é mais fácil viver pelos motivos errados e com outro tipo de sentimentos. É mais fácil odiar e provocar respectivo ódio do que conseguir reciprocidade idêntica se com carinhos e amor. Confesso ver-me a desistir dessa "tão nobre" expressão da alma humana, do afecto.

No entanto, e quando estou nos meus momentos de descompensação, isolado do mundo, ainda vou ponderando, ainda vou tendo vislumbres de crenças nesse lado sorridente. Mas eu sorrio de ambas as formas. Os outros é que não. Acho que me tento convencer de que sou má pessoa quando, no fundo, todos dizem o contrário de mim. Alguém está louco. Eu apenas me comporto mal e digo coisas más e faço, cometo erros aos olhos dos outros porque não compreendem os meus feitos, os meus motivos.

Viver de raiva dá mais força mas deixa-nos a alma tão vazia... De que me serve ser forte se não me sentir bem com a origem dessa força? Porque sinto eu isto?

Seria tão mais fácil ser insensível...

segunda-feira, abril 10, 2006

Sol de inverno

Os dias passam e as angústias acumulam-se.

O passado volta, para assombrar. Para me recordar que nunca se irá ausentar, nunca deixará de estar. Volta e traz novidades. Vejo coisas que não queria ver, que não queria ter visto. Descubro que me traíram. Descubro que magoaram. Antes e agora, quando já nada me devia poder ter feito.

Gostava de resistir, gostava de pensar que nada disto era o meu mundo. Os amigos vêm mais fundo. Com os estranhos é mais fácil. Mas ninguém compreende o que vai dentro de mim. Nem eu talvez.

Queria ser um fado vadio... mas não passo de versos sem rima. Tento, na prosa, encontrar a paz que tanto e tão desesperadamente procuro. Sei que tenho mãos às quais me posso agarrar, ombros nos quais posso chorar, abraços onde me reconforto. Mas queria lábios à espera de um sorriso, queria olhos à espera de um brilho, um coração que palpitasse mais depressa por mim.

Se fosse uma estação, seria inverno, porque o outono ainda tem o brilho dourado da vida a decair, a primavera é acolhedora e romântica e o verão é quente e sorridente. O Inverno é apenas uma morte transitória, uma pausa num ciclo. Hoje estou parado, sinto-me morto. Hoje, sinto-me um Inverno, um Inverno sem sol...

terça-feira, abril 04, 2006

De ontem para hoje!

"Ontem fui ao cinema."

Não, não fui. Ou melhor, não foi apenas isso a minha vida ontem. Acho que as coisas para mim nunca foram assim tão simples. Nunca formulei uma frase em que apenas ela significasse as suas palavras ou os actos que descrevem. Para mim tudo tem um contexto, um sentido, uma mensagem subliminar que espero que alguém leia ou compreenda.

Ontem, afinal, fui perceber o que queria fazer hoje de mim. Ontem, afinal, não estive apenas a olhar para uma tela. Ontem saí ao mundo, vi e olhei para o mundo e tentei perceber um pouco mais da minha vida.

E, por isso, todos os dias recomeço porque ontem... ontem não fui apenas ao cinema, ontem aprendi apenas um pouco mais de mim. E acordo todos os dias com a insustentável sensação de cansaço de ter que mudar mais um pouco... Mas mudar é evoluir... E evoluir é seguir as leis da Natureza.

Ontem, aprendi mais um pouco para poder ser eu hoje!

sábado, abril 01, 2006

Uma resposta.

Hoje acordei, bem e a sorrir, a pensar na vida e a querê-la melhor! Sim, hoje acordei disposto a estar feliz, a ser feliz!

O dia começou bem, cedo, com alguma escrita e uma sensação de bem-estar... Saí para exercitar o corpo e equilibrá-lo com a mente... Estive com amigos, falei e fiz alguém sorrir. Alguém não, alguém especial. Uma amiga, um amigo, outra amiga. Especial porque estão e porque eu estou para cada um deles. E o dia seguiu. Regressei ao local de culto do corpo e dei asas aos pés e voei ao som dos sons... E sentia-me cada vez melhor... Já tinha feito alguém feliz e eu também me estava a sentir quase assim...

Mas a minha não é perfeita, nunca o é. Os meus dias longe disso estão também. De um momento para o outro o tapete é recolhido sob os meus pés e eu caio. Caio por culpa minha novamente, porque nunca deveria ter posto a possibilidade de estar a subir.

"Vivo tão no meu mundinho que a ideia de sair dele se torna assustadora!" Principalmente porque sempre que tento erro, erro por fazê-lo e ao fazê-lo. Hoje estava preparado para ser feliz, mas eu fiz com que alguém me fizesse chorar... E nas lágrimas de tristeza não vive a felicidade, na amargura das penosas recordações não encontramos paz.

Sim, hoje fiz alguém feliz! Mas eu não o fui...