Deixa-o voar: ao sonho.
Aqui sentado, diante de ti, relembro palavras que jamais pensara voltar a acreditar. Por vezes penso se não serás apenas um sonho, mera ilusão de mais uma pura fantasia minha. Afinal, apenas existimos em mim, nos meus devaneios, nas minhas constantes descompensações em tempos livres da comiseração que me assola há demasiado tempo...
Quem és tu que me faz rir de novo? Quem és tu, que pôs as estrelas no meu tecto e me fez querer voltar a ver o mar? Quem és tu, que voltaste a pôr um sorriso no meu olhar? Quem és tu que a eles de novo trouxe a água de uma lua de madrugada? Quem és?
Sei que não vais ficar. Sei que não somos eternos. Mas, acima de tudo, sei que nunca fomos. Mas a eternidade deixou de ter tempo. A felicidade não vive dos dias... Aqui sentado, diante de ti, vejo-te noutro mundo. Não é meu, não é o meu. Vejo-te sem o meu reflexo. Mas isso, por breves instantes, não teve importância. Estás. És. Existes. E fizeste-me acreditar, naqueles breves instantes, que tudo poderia ser tão diferente...
Mas, volto a mim, volto ao que sempre fui. Volto a fechar a porta que nunca deveria ter aberto. Volto a encerrar um capítulo por ler. Volto a não escrever as mesmas palavras que outrora derramaram das minhas memórias.
O coração extasiado leva o corpo a ganhar asas e a alma voa. Voa para longe deste sonho que não volto a sonhar.
Deixa-o voar: ao sonho.
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