quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Apenas uma memória

Fiquei a pensar naquele "sabes que sim". Fiquei a pensar por que a tua mão não veio de encontro à minha pele, no porquê de ser sempre eu a ter falta de ti. Fiquei a pensar no que faço aqui. Nenhum de nós sabe. Nem tampouco o porquê de continuar. Já sabia que não tinha o lugar que queria. Apenas quis sonhar um pouco. Uma vez mais. Já está. Sonhado e acordado.

Sou visceral. Violentamente visceral. O suficiente para conseguir erguer-me do nada e seguir em frente. Sem mais explicações ou dilemas. Descompenso a não presença ausentando-me donde nunca fiz falta e onde nunca estive ou pertenci. Reconforta-me a ideia de não se aperceberem da minha ida. Sinal de que estava visceralmente certo.

Queria que não tivesses mundo. Queria que fosses só meu e eu só teu. Queria apenas o sonho que tive. Sei agora que não passa disso, de uma mera divagação do meu inconsciente. Mas queria que não tivesses em ti os mesmos fantasmas que tento esquecer, aqueles dos quais fugi tempo demais.


Queria um mundo que apenas acontece nas memórias que nunca consegui chegar a construir. Queria um sonho, aquele, aquele que existe nas recordações que me deste. Queria... queria tudo mas já não quero nada.

Nunca exististe afinal, porque pertences a um mundo que já esqueci, sem sequer me ter lembrado. Não passas de uma memória, uma memória que nunca vivi...


P.S.: texto descontemporâneo, desfasado da realidade no tempo. E possivelmente em tudo o resto!