As páginas de uma alma perdida que não se pretende encontrar...
Para "celebrar" o centésimo texto, pensei em reflectir sobre o nome que dei a esta página e a definição que o acompanha.
Insensivel apenas porque gostaria de o ser. Quem diz que "mais vale amar e perder, que nunca amar" é porque não vive como eu, não se alimenta do mesmo que eu e não dá à alma aquilo que, infelizmente, eu sempre lhe dei.
Se não sentisse, naturalmente não conseguiria aproveitar na vida aquilo de bom que ela tem, não poderia dizer que estava feliz quando estivesse. Mas, se não sentisse, não me sentiria assim!
Esta página e os seus textos resultam de um amor que fracassou, por culpa de ambos, ou por minha, porque tentei dar demais e nunca pus limites, porque me limitei a receber e nunca demonstrei o quão agradecido fiquei. A culpa pode ser atribuída a muita coisa e a muita gente, ou talvez a nada nem a ninguém a não ser ao simples destino.
Contudo, já lá vai mais de um ano desde a última vez que a minha cama não me teve só a mim. Hoje senti saudades. Senti as mesmas saudades que senti nos outros dias todos desde a última vez. Mas, não sei porquê, hoje imaginei mesmo alguém ali ao meu lado. O mesmo alguém que todos os dias tento esquecer e não consigo.
Sei que a história acabou. Ambos lhe pusemos um fim. Dissemos o que nunca quisemos dizer. Pelo menos eu. Quando nos queremos afastar de alguém, fazemos com que se afastem de nós. Não sei se gostaria de voltar. Não sei se voltaria. Nem sequer consigo pensar se me aceitaria de volta. O tempo passou e somos, agora, estranhos. Apenas gostaria que aquele dia de Agosto nunca tivesse existido. Apenas gostaria de não ter descompensado daquela forma.
Normalmente, cedemos porque gostamos. E só a dada altura é que percebemos que cedemos demais. E que já não podemos retroceder. E então somos culpados por termos cedido. É quase impossível reconhecer o limiar, dizer: a partir daqui não pode ser. Vamos, a cada dia que passa, dando um desconto maior, permitindo uma maior intromissão, até que somos um só. O que é bom. Mas, há coisas que fazemos porque amamos e que afinal apenas irão afastar esse amor de nós e acabar com ele.
Gostava de lhe dizer amo-te e saberia que, mesmo não havendo palavras, ouviria o mesmo. Mas, embora sejamos feitos um para o outro, embora tenhamos tido a oportunidade de sermos muito felizes, para sempre, não o seremos e eu vaguearei o resto dos meus dias a olhar para a minha cama que há-de continuar vazia.
Porque sei que me lês, que ainda te recordas de mim, como eu de ti, quero que saibas que ainda te amo, dê por onde der...