quinta-feira, setembro 08, 2005

"não... nada"

É estranho vermos acabar algo que nunca sequer tinha começado. Não sei o que era, não sei o que foi, mas sei que acabou. Talvez porque eu não tinha querido que houvesse nada, agora não há... Mas, nem tive tempo para querer. Não quis. Não há. Agora não há. E neste tempo desde então? Porque não pude mudar e querer? Apenas já não há.

É tão estranho sentir que algo que nunca existiu não existe. A sensação é no mínimo constrangedora porque nos apanha desprevenidos, mas é acima de tudo horrivelmente angustiante porque não somos capazes de encontrar um mecanismo de luto para isto, não conseguimos enterrar o nada, não podemos esquecer o nada porque nunca houve.

Desta vez, nem sequer sentimentos... nao estou magoado, nem triste, nem tampouco feliz ou contente pelo que se passou porque logo de início assumi que as coisas se processariam desta forma. Mas julguei que o meu racionalismo de outrora não surgiria assim, do nada, lá do fundo do passado para compreender aquilo que só ele próprio poderia entender. Sinto respeito por tudo, mas... o que é sentir algo por nada? É nada? Ou é aquilo que em si se encerra? O que é o quê, afinal?

O pior de um vazio é o lugar que ele ocupa. E, neste caso, isso é impossível de determinar... não sei o que "não foi", por isso não sei o que deixou de "não ser"...

Só eu para perder tempo que não tenho com coisas que não tive!

(Até poderia expandir-me em muitas mais linhas, mas o vazio é o mesmo e, neste caso, as palavras não o preenchem porque ele nem sequer deixou espaço!)

4 Comments:

Blogger Angelica said...

tb eu estou "vazia" por isso deixo apenas um beijo....

08 setembro, 2005 10:51  
Anonymous Anónimo said...

a luta sempre desigual com o vazio. um abraço e força neste momento. hf*

09 setembro, 2005 12:42  
Anonymous Anónimo said...

mais uma implosão fantástica!

pd

09 setembro, 2005 15:25  
Anonymous Anónimo said...

mais uma vez dou contigo a pensar com o meu cérebro, a sentir aquilo que eu sinto e a escreve-lo da única maneira que era possível. Sublime. Como quase tudo aquilo que escreves...

estar cheio com o nada e doer por não ter magoado... o costume!

espiroqueta

12 setembro, 2005 22:41  

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