domingo, setembro 25, 2005

As páginas de uma alma perdida que não se pretende encontrar...

Para "celebrar" o centésimo texto, pensei em reflectir sobre o nome que dei a esta página e a definição que o acompanha.

Insensivel apenas porque gostaria de o ser. Quem diz que "mais vale amar e perder, que nunca amar" é porque não vive como eu, não se alimenta do mesmo que eu e não dá à alma aquilo que, infelizmente, eu sempre lhe dei.

Se não sentisse, naturalmente não conseguiria aproveitar na vida aquilo de bom que ela tem, não poderia dizer que estava feliz quando estivesse. Mas, se não sentisse, não me sentiria assim!

Esta página e os seus textos resultam de um amor que fracassou, por culpa de ambos, ou por minha, porque tentei dar demais e nunca pus limites, porque me limitei a receber e nunca demonstrei o quão agradecido fiquei. A culpa pode ser atribuída a muita coisa e a muita gente, ou talvez a nada nem a ninguém a não ser ao simples destino.

Contudo, já lá vai mais de um ano desde a última vez que a minha cama não me teve só a mim. Hoje senti saudades. Senti as mesmas saudades que senti nos outros dias todos desde a última vez. Mas, não sei porquê, hoje imaginei mesmo alguém ali ao meu lado. O mesmo alguém que todos os dias tento esquecer e não consigo.

Sei que a história acabou. Ambos lhe pusemos um fim. Dissemos o que nunca quisemos dizer. Pelo menos eu. Quando nos queremos afastar de alguém, fazemos com que se afastem de nós. Não sei se gostaria de voltar. Não sei se voltaria. Nem sequer consigo pensar se me aceitaria de volta. O tempo passou e somos, agora, estranhos. Apenas gostaria que aquele dia de Agosto nunca tivesse existido. Apenas gostaria de não ter descompensado daquela forma.

Normalmente, cedemos porque gostamos. E só a dada altura é que percebemos que cedemos demais. E que já não podemos retroceder. E então somos culpados por termos cedido. É quase impossível reconhecer o limiar, dizer: a partir daqui não pode ser. Vamos, a cada dia que passa, dando um desconto maior, permitindo uma maior intromissão, até que somos um só. O que é bom. Mas, há coisas que fazemos porque amamos e que afinal apenas irão afastar esse amor de nós e acabar com ele.

Gostava de lhe dizer amo-te e saberia que, mesmo não havendo palavras, ouviria o mesmo. Mas, embora sejamos feitos um para o outro, embora tenhamos tido a oportunidade de sermos muito felizes, para sempre, não o seremos e eu vaguearei o resto dos meus dias a olhar para a minha cama que há-de continuar vazia.



Porque sei que me lês, que ainda te recordas de mim, como eu de ti, quero que saibas que ainda te amo, dê por onde der...

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há dores que as palavras não suportam... Um beijo sereno* e que a tua alma alcance novos horizontes, porque todo o caminho é caminho, mas a vida é muito mais que a visão estreita que costumamos ter ao caminhar.

27 setembro, 2005 15:58  
Blogger Angelica said...

um beijo enorme e muito comovido! mereces tudo de bom, tenho a certeza...

28 setembro, 2005 12:31  
Anonymous Anónimo said...

Este texto revela uma maturidade sentimental incrível...não é fácil reconhecer e sentir tanta coisa, e ainda por cima, escrevê-la tão bem...
um beijo enorme* * *

28 setembro, 2005 16:36  
Anonymous Anónimo said...

Fazes mesmo questão que eu te deixe aqui um comentário, não fazes?

Sabes, o dia em que conseguires adormecer sozinho e feliz, vai ser o dia em que finalmente cresceste e ascendeste a um estado de consciência que te permite olhar à tua voltar e perceber os passos que te levaram ao sítio onde estás.
E talvez nesse dia encontres a paz que tanto procuras.

Já te disse uma vez (mas tu talvez não te lembres) que discordo profundamente da tua noção de que "mais vale amar e perder, que nunca amar" está errado. Porque tu conheces o que é amar e perder mas não fazes a mais pálida ideia do que é nunca ter amado e principalmente nunca ter sido amado. E a partir daí já estás em vantagem. Tens uma escolha. Pudeste preferir a segunda opção. Porreiro. Há quem não escolha, e viva com a falta de opções! por isso não sabes, nunca saberás se realmente estás do lado mau da equação...

Quanto à tua temática central, a tua experiência fracassada e a dor que daí resultou, não sei. Não sei porque te sentes assim, ao fim deste tempo todo. Ou melhor, sei, só não sei porque é que não o sentiste antes...

E se voltasses atrás e fizesses outro esforço, achas que seria diferente? Não sei, mas não acredito em finais felizes por definição. Se as coisas correram mal e tu tiveste de por um ponto final na tua cedência, que embora bem intencionada era estúpida (sorry...), melhor para ti que te viste livre de um atrofio na alma!

Mas isto sou só eu a falar de cor. E eu sei que de quando em quando a saudade bate. E que não se apaga nunca aquilo que nos marcou. Quanto muito mete-se na caixinha...

E acho boa onda fazeres esta terapia literária. Nunca se sabe quem está a ler e acima de tudo sempre tiras estas coisas do teu sistema. Anywáy, já sabes a que porta bater quando chegares ao fundo da garrafa.

aquele abraço
espiroqueta

28 setembro, 2005 23:49  
Blogger Fil said...

Só para dizer que não podia deixar passar o centezimo texto sem a minha marca, lol.
Tal como te disse cá vim eu, e digo mais. Venham mais CEM...
Beijo

29 setembro, 2005 20:09  

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