Simbiose
Aos poucos crescemos. Mesmo quando achamos que já somos grandes. E aprendemos... finalmente.
Às portas de uma nova caminhada, prestes a arriscar viver de novo, descubro que o passado será sempre meu e que mais não posso nem devo fazer senão recordá-lo. O presente escrevo-o agora, e escolho o estado de espírito em que nele estou. O futuro espera por mim, mas mais logo, depois, depois de agora, depois de estar e de viver.
Do nada recordo aquilo de que sou feito. Não só de tempo mas, acima de tudo, de tudo o resto. Faz-me a massa, a energia, fazem-me os sentimentos e as sensações. Muitas são as fibras do meu ser, muitas as células do meu corpo, impulsos e moléculas, ordenadas mesmo quando caóticas.
Vivi demasiado tempo separando a matéria daquilo que não queria viver. Do passado guardei sempre aquilo que me manteve vivo a querer não o estar. Hoje, do passado, lembro o sorriso de quem amei e de quem gostaria poder voltar a amar. Racionalmente compartimentei-me para poder sofrer demais. Esqueci-me que funciono como um todo. E deixei de conseguir ser feliz, porque não estava completo. Afinal não preciso de ti para o estar. Apenas sorria mais por te ter. Mas estás em muitas células do meu corpo.
Destino ou não, uma simbiose se aguarda entre a alma que deverá existir nesta matéria. Assim, outras poderão um dia existir...