Espaço em branco
Continuo a escrever, mas na minha cabeça... deixo páginas em branco enquanto preencho a alma com licores mundanos.
O meu actual silêncio deve-se a duas razões. Uma é nada mais do que a constante apatia e a monotonia que permiti instalar-se no meu quotidiano e, por conseguinte, na minha vida. Outra é a crescente raiva que tenho vindo a sentir pelo mundo em meu redor.
Ora se por um lado pretendo nada mais do que sentimentos belos e positivos em toda a minha existência, por outro concluo que é mais fácil viver pelos motivos errados e com outro tipo de sentimentos. É mais fácil odiar e provocar respectivo ódio do que conseguir reciprocidade idêntica se com carinhos e amor. Confesso ver-me a desistir dessa "tão nobre" expressão da alma humana, do afecto.
No entanto, e quando estou nos meus momentos de descompensação, isolado do mundo, ainda vou ponderando, ainda vou tendo vislumbres de crenças nesse lado sorridente. Mas eu sorrio de ambas as formas. Os outros é que não. Acho que me tento convencer de que sou má pessoa quando, no fundo, todos dizem o contrário de mim. Alguém está louco. Eu apenas me comporto mal e digo coisas más e faço, cometo erros aos olhos dos outros porque não compreendem os meus feitos, os meus motivos.
Viver de raiva dá mais força mas deixa-nos a alma tão vazia... De que me serve ser forte se não me sentir bem com a origem dessa força? Porque sinto eu isto?
Seria tão mais fácil ser insensível...