Devaneios
Todos os dias penso que é o último. Penso que não mais irei ver quem não me quer mais. E engano-me. Vejo, ouço, leio, sinto. Em tudo o que faço está presente este fantasma que não quer deixar de me assombrar. Talvez a culpa seja minha. Talvez esteja realmente a forçar a que apareça, como se a sua presença tenebrosa fosse a única forma de que se apresente a mim. Talvez seja uma alternativa masoquista e auto-flageladora de o ter.
Mas eu sei que não o quero, e sei que foi um erro alguma vez ter querido. Até quem me carregou em seu ventre me prefere assim, só, pois sabe o quão mal me fazem as almas perdidas e assomadas pelo negativismo da infelicidade. E porque não me quer perder. Não quer perder uma batalha com alguém assim. Quanto mais não fosse, ela sim, vale mais, porque, por mais que não tenha estado, continua lá, não desitiu, fácil e rapidamente de mim...
Mas, segue, agora, para onde quiseres, e deixa-me a lamuriar incessantemente sobre as minhas perdas, sobre o que não ganhei, mas acima de tudo, por não conseguir o que quero: olhar o mar e avançar ao horizonte.
Já nem sei quem escreve estas palavras, qual dos meus "mins", dos meus "eus" sente cada uma destas letras. Acho que nenhum, são apenas delírios. Acho que gostava de conseguir sentir tudo isto, porque então estaria vivo... Não serão mais que alucinações psicóticas de quem quer existir. No fundo, talvez nem eu creia em mim...
Quero finalmente virar a página e queimar o livro!
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