... eu tenho tempo!
A maior parte das vezes escrevo por mim embora, de uma vez ou outra, escreva porque tenho mesmo algo pra dizer a alguém. Gostava de conseguir, nessas alturas, ser frontal como sou quase sempre e dizer o que tenho ou preciso. Se não o faço, normalmente, é por não querer magoar e então magoo-me a mim.
Acho que gostar de alguém, acho que amizade, é isto, é sofrermos nós sem que se apercebam que o fizémos e sem que percebam que foi por amizade que o fizémos. Senão, seria um masoquismo exibicionista.
Por vezes, seria simples gostarmos de alguém e assumirmos isso. Ora, como é de mim que falamos, isso nunca é fácil. Nunca é fácil gostar e menos fácil é assumir. Não para mim nem por mim, mas por inúmeras razões que um dia talvez as descreva! Por isso, por vezes, não passa de uma mera ilusão que uma fantasia do passado corra o risco de se tornar real. E aí, remeto-a simplesmente à fantasia outra vez.
Se se soubesse por que, em certas situações, digo não tantas vezes, seria apenas mais uma razão para se querer ouvir de mim um sim.
Já me disseram que seria fácil alguém apaixonar-se por mim. Já me disseram, outrora, que seria fácil alguém apaixonar-se por mim. Sou, ou melhor, era alguém facilmente apaixonável. Não sei porquê! Talvez porque a faceta que a maior parte conhecia de mim não era esta, a depressiva. Talvez eu na altura nem fosse assim: bipolar.
O que sei é que me sinto a voltar ao passado nesse aspecto, sinto-me facilmente apaixonável. Sinto que estou pronto para dar outra vez. Expurguei-me daquilo que me arrastava ao fundo, daquilo que me deixava tão triste ao ponto de voltar a querer desistir.
Mas, não posso é deixar que a pessoa certa numa amizade arrisque ser a pessoa errada em algo diferente. Tenho que ter agora o discrenimento que nunca tive: saber distinguir as coisas. E não vale a pena pensar em deixar seguir as coisas naturalmente porque nunca mais corro o risco de perder uma amizade para acabar por perder tudo. Amigos, são coisas raras. E valem muito mais que meras loucuras de uma adolescência que já não é a minha.
Prefiro deixar-me assim, com esta pequena dor.
A moral desta última experiência, se lhe pudesse dizer, seria algo um pouco triste por ser desanimador. Todos os dias tento falar de mim de forma a que as pessoas me vão conhecendo. A cada pessoa que surge no meu meio mais íntimo vou revelando mais um pouco de mim, vou tentando contar algo mais do meu passado que outros não sabem. Aos poucos e poucos, vou deixando de ser tão fechado neste corpo e nesta alma. Mas, por grande tristeza minha, ainda não foi agora que alguém compreendeu o meu mecanismo, ainda não foi desta vez que alguém ficou a perceber como eu funciono. Ainda não foi desta vez que perderam o medo do meu passado. Por isso, e por muito mais, não pode ser mais que uma amizade, porque as amizades têm outros espaços, assumem a liberdade para que não se compreendam certas coisas mas, apesar disso, possam existir.
Só que eu sou assim. Ocupo imenso espaço. Eu tenho passado, estou presente, e se me quiserem, sabem onde me encontrar no futuro. Só ainda não apareceu quem me compreenda mas...
... eu tenho tempo!
1 Comments:
hmm... a sensação familiar de me rever nas tuas palavras...
aprender psicologia no secundário teve uma ou duas vantagens. uma delas foi aprender o conceito do princípio de Peter. nas organizações há a tendência de promover as pessoas até ao ponto de incompetência (p.e., um bom operário é promovido até dar um péssimo chefe). pura e simplesmente as competências necessárias são diferentes.
e nas relações que estabelecemos no nosso dia a dia aplica-se o mesmo. um excelente amigo não pode e não deve ser "promovido" daí para a frente sob o risco de se estragar o que se tinha antes...
mas claro que, como sempre, eu sou optima a teorizar e não cumprir o que digo.
ainda bem que tu pelo menos tens as ideias arrumadas decentemente.
espero que a tua espera te traga as coisas boas todas que mereces há já tanto tempo.
aquele abraço
espiroqueta
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