Epifânias
Há dias em que aprendemos muito mais que em anos... Tive um desses, há pouco, muito pouco.
Há alturas em que não precisamos de nada a não ser de alguém que nos ouça sem termos que pedir. No outro dia, ouviram-me. Não escutaram, ouviram como quem está interessado, realmente interessado, naquilo que se diz. E ensinaram-me.
Ensinaram-me a ver-me com outros olhos, com outra perspectiva. Fizeram-me ver que tudo pode não ser tão mau como vejo, ou que deveria ver tudo como algo um pouco melhor.
Às vezes isto acontece. Temos epifânias sem as prevermos e sem estarmos à espera que aconteçam. O importante é percebermos não só que elas existem mas aquilo que significam.
Toda a minha vida vi os combóios a passarem e eu ficava na estação, como que a ajudar os que chegavam a embarcar em mais uma viagem. Eu? Eu ficava sempre em terra, sempre no mesmo sítio a ajudar nas transições sem nunca evoluir, a ganhar raízes pensava eu. Mas não! Não criei raízes pois as minhas terras estavam sempre a partir, sempre a mudar... e então entorpeci!
Agora sinto que, inevitavelmente, chegou a minha hora. Há dez anos que temo esta altura. Há dez anos, não me custou mudar. Há dez anos sabia o que me esperava. Agora, o vazio é grande e o salto é para o desconhecido. Agora, não tenho rede sob a corda... Mas, não posso continuar nesta estação. Apesar do tempo, ao contrário do que esperei, há cada vez mais estranhos!
Segue-se o futuro...
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