sexta-feira, abril 29, 2005

As xanatas lembram-me o Verão...

E o pés levam-me, longe ou perto, sem que eu dê por isso... E respiram, leve e puramente através do pano que não existe. Adoro ter os pés descalços, sem no entanto tocar o chão. Não lhe tenho intimidade. Gosto é de ir à praia e sentir a areia a entrar e a sair. Mera lembrança dos meus Verões do passado, já ido.

Fico diferente... quando desnudo os pés. Sinto-me mais eu. Talvez por estar mais descoberto, me sinta mais descoberto, mais limpo de esconderijos e subterfúgios artefactuais, menos outro que não eu. Mesmo o irritante soar do "chap, chap" não me incomoda, a mim, porque é o meu "chap, chap" e forço-o cada vez mais, a ser mais intenso e mais alto na tentativa de me testar no incómodo. Mas, não consigo. Até começo, lentamente, a apreciá-lo.

Talvez, no fundo, nada mais tenha que a sensação de ir até à beira-mar, até a fronteira da sobriedade com o infinito do mar. Talvez tenha apenas o vislumbre da ilusão de que posso seguir em frente e me perder na imensidão daquele azul. Sim, porque as xanatas lembram-me o Verão, o Verão lembra-me o sol, e a praia e o mar... e o mar lembra-me o princípio, lembra-me o princípio...

... e o fim!